De acordo com o Clube de Observadores de Aves de Porto Alegre, a capital gaúcha tem 278 espécies de aves catalogadas. Alguns delas chegaram a mudar os hábitos para melhor se adaptar ao ambiente urbano. Confira 10 aves que fazem os céus de Porto Alegre.
Carcará, o sanguinário
Imponente e mais bonito do que seu concorrente na cadeia alimentar, o urubu, o carcará vira e mexe impressiona dando as caras em janelas de apartamentos altos do Centro Histórico. Se tiver oportunidade, pode se atrever a entrar e filar pedaços de carne à mesa. Como é uma ave de rapina, às vezes sua presença deixa vestígios desagradáveis, como restos mortais de pombos caçados. Ouça o canto do carcará:
Biguá, o mergulhador
Sem frescuras, é uma ave que se adaptou muito bem a córregos, mesmo que poluídos, o que faz do biguá figurinha fácil no Arroio Dilúvio. Sua peculiaridade é não ter a glândula uropigiana, que torna as penas impermeáveis. Isso facilita os mergulhos para se alimentar, mas também exige que ele se seque. Por isso é visto com frequência descansando de braços abertos, como se crucificado. Ouça o canto do biguá:
Cardeal, o repatriado
É um passarinho que havia desaparecido da Capital por décadas. Bonito e de canto fácil, era muito capturado para comércio. Como evoluímos em consciência ambiental, cardeais foram soltos e vêm deixando de temer humanos. Antes restritos à beira de estrada, onde se alimentavam de sementes caídas de caminhões, hoje frequentam até parques como a Redenção. Ouça o canto do cardeal:
Caturrita, a tendência
Não é impressão sua, há mais caturritas observáveis em cidades nos últimos tempos. Em Porto Alegre, especialmente na Zona Sul. Uma das teorias da proliferação é curiosa: como são presas fáceis de outras aves, caturritas fazem ninhos comunitários em lugares muito altos e resistentes. Costumam escolher eucaliptos, mas agora têm uma ótima opção urbana: torres metálicas de comunicação. Ouça o canto da caturrita:
Quero-quero, o brigão
Quem nunca foi atacado por um quero-quero, que guarde bem a primeira pedra no bolso. Briguento, ele usa esporões para afugentar intrusos que se dirijam aos seus ninhos em gramados e descampados, mesmo distantes. Embora os filhotes deixem o ninho quase imediatamente ao descascar dos ovos, os rasantes dos pais zelosos ainda seguem por umas boas semanas. Ouça o canto do quero-quero:
Socó, o tranquilo
Com tem pescoço atarracado e passa a maior parte do dia descansando sobre as patas, lembra um pinguim. Mas na verdade o socó é um tipo de garça popular em manguezais e banhados, como o do Parque Mascarenhas de Moraes. Passa a maior parte do dia ignorando o movimento acima de cabeça. À noite, caminha se esguereirando usando o bico fino para comer peixes, anfíbios e caranguejos. Ouça o canto do socó:
Suindara, a sniper
Porto Alegre costumava ser uma cidade habitada pelas corujinhas buraqueiras, mas elas vêm se restringindo a zonas rurais. Em vez delas, proliferam as suindaras, de hábitos noturnos e popular em campanários de igrejas, onde faz ninho. Caçadora extremamente silenciosa, circula por celeiros abandonados em busca de roedores. No Cais Mauá, encontrou um paraíso. Ouça o canto da suindara:
Corruíra, a exibida
Talvez você nunca tenha identificado, nas certamente já viu uma corruíra. Destemida, é um passarinho que saltita entre os pés das pessoas em parques e jardins procurando alimento. Também é despachada ao fazer ninhos. Serve praticamente qualquer cavidade, o que as leva a escolher, por vezes, locais improváveis, como orelhões desativados e frestas de carros abandonados. Ouça o canto da corruíra:
Sabiá laranjeira, o Tinder
O sabiá foi decretado, em 2002, um dos símbolos do Brasil. Não faltam motivos: tem variações em todo o país, era uma ave abençoada pelos tupi-guaranis – significa "aquele que reza muito", e tem canto frequente e agradável, salvo um probleminha: para evitar concorrência com a barulheira da cidade, vem cantando cada vez mais cedo em busca de parceria para acasalamento. Ouça o canto do sabiá:
Anu-branco, o estrategista
É um grande aliado do homem, pois come praticamente de tudo que vê pela frente: gafanhotos, percevejos, aranha, lagartas, camundongos, rãs e, eventualmente, até filhotes de outras aves. Como não é dos mais ágeis, desenvolveu uma estratégia curiosa: se locomove em bando e em linha, como uma barreira de futebol. Se a presa escapa de um anu, é comida por outro. Ouça o canto do anu-branco: