A tempestade que atingiu o Rio Grande do Sul nos últimos dias e resultou em 21 mortes foi causada uma combinação de fatores. Além do grande volume de chuva, especialistas apontam que a baixa pressão favoreceu o aumento da umidade e a formação de nuvens. O Vale do Taquari foi a região do RS mais atingida pelos altos volumes de chuva. Dos 21 óbitos confirmados até o momento, 17 foram registrados nessa área do Estado.
Conforme a Climatempo, no período de 1° a 5 de setembro, choveu no Vale do Taquari, dependendo da cidade, entre 150mm e 300mm. A média histórica para o mês na região fica entre 140mm e 180mm. Ou seja, dependendo da área, a precipitação dos cinco primeiros dias de setembro pode alcançar o dobro do esperado para o mês todo.
Em Lajeado, durante os mesmos quatro dias, choveu 142,4mm. Segundo o Núcleo de Informações Hidrometeorológicas da Univates, é mais do que o dobro de toda a precipitação de agosto (62,6mm). No mesmo período, em Encantado, choveu 151,6mm, e em Estrela, 135,8mm.
Engenheira ambiental e professora da Universidade do Vale do Taquari (Univates), Sofia Royer Moraes falou a respeito das chuvas provocaram inundações em diversas regiões, especialmente no Vale do Taquari. Mestre em Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ela observa que o nível das águas pode superar a marca registrada em 6 de maio de 1941, quando o Rio Taquari atingiu 29m92cm.
— É a maior inundação documentada com aferição em sensores e réguas no Rio Taquari-Antas em todos os municípios. O registro histórico de maio de 1941 é um pouco maior, mas não se sabe a qual referência está vinculado, sendo menos confiável — afirma.
Conforme Sofia, o nível das águas do Rio Taquari, em Lajeado, deve superar a marca registrada em 1941:
— Tiramos fotos com drones para fazer comparações. Vamos checar com aparelhos topográficos qual foi o nível atingido de fato, mas estamos falando provavelmente da maior inundação do Vale do Taquari.
Professor de hidrologia do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Walter Collischonn destaca a importância de monitorar para adotar medidas referentes ao planejamento urbano. Conforme o especialista, em municípios localizados acima de Lajeado, como Encantado e Santa Tereza, as cheias atingiram níveis recordes.
— A chuva foi bastante concentrada na bacia (hidrográfica) Taquari-Antas, que é bem significativa e bastante complexa. Essa chuva volumosa ficou concentrada nas regiões de cabeceira, com pico de inundação muito rápido — afirma.
De acordo com Collischonn, nos próximos dias os dados coletados durante o evento climático devem ser analisados por especialistas.
— De qualquer forma, no Vale do Taquari, é um evento de magnitude semelhante ao de 1941 — completa. Segundo o hidrólogo, nas 48 horas que antecederam as enchentes, municípios registraram chuvas superiores a 200mm.
