- O leste do Rio Grande do Sul é atingido entre esta terça (17) e quarta-feira (18) pela tempestade Yakecan
- Segundo especialistas, a chuva e o vento estão conectados à ocorrência de frio intenso, inclusive com neve, na serra gaúcha
- O vento forte provoca falta de luz em diversos municípios, e a instabilidade dificulta o trabalho de equipes para o restabelecimento do fornecimento
- A instabilidade levou ao fechamento antecipado de shoppings e supermercados em Porto Alegre e municipíos da Região Metropolitana. Eventos culturais foram cancelados
- Aulas também estão suspensas em diversas cidades
O Rio Grande do Sul está em alerta com os efeitos de uma tempestade subtropical intensa, que recebeu o nome de Yakecan pela Marinha, que em tupi-guarani significa o som do céu. Mas de onde vem a escolha dos nomes de fenômenos como esse?
Com a finalidade de tornar o processo mais organizado, a Marinha criou uma lista, disposta em ordem alfabética, que contêm sugestões de palavras em tupi-guarani que podem ser utilizadas para nomear os sistemas tropicais e subtropicais significativos que acontecem no Atlântico Sul dentro da Metarea 5, área marítima de responsabilidade do Brasil.
Se todos nomes da lista forem utilizados, uma nova rodada é realizada, permitindo a repetição das palavras já utilizadas, mas respeitando a ordem em que estão dispostas. A exceção acontece quando um fenômeno é considerado como de significativa relevância. Nesse caso, adota-se um nome e ele é retirado da lista, mediante aprovação do diretor do Centro de Hidrografia da Marinha (CHM).
Confira abaixo a lista criada pela Marinha:
- Arani (tempo furioso);
- Bapo (chocalho);
- Cari (homem branco);
- Deni (tribo indígena);
- Eçaí (olho pequeno);
- Guará (lobo do cerrado);
- Iba (ruim);
- Jaguar (lobo);
- Kurumi (menino);
- Mani (deusa indígena);
Oquira (broto de folhagem); - Potira (flor);
- Raoni (grande guerreiro);
- Ubá (canoa indígena);
- Yakecan (som do céu);
A Marinha começou a utilizar a lista em 2011. O sistema de nomenclatura segue as diretrizes internacionais e está integrado ao documento Normas da Autoridade Marítima para as Atividades de Meteorologia Marítima , que foi elaborado em parceria com a WMO (Organização Meteorológica Mundial, em tradução livre).
Procedimentos
A Marinha adota uma sequência de procedimentos quando há previsão de ciclone. A primeira etapa consiste em classificar o ciclone de acordo com a terminologia adotada no Guia Global para Previsão de Ciclones Tropicais (WMO) e editada pela Organização Meteorológica Global.
Existem três tipos de ciclones, de acordo com a terminologia:
- Ciclone tropical: centro de baixa pressão atmosférica com núcleo quente que não está associado ao sistema frontal. É originado sobre águas tropicais ou subtropicais e apresenta convecção profunda e circulação de vento em torno de um centro bem definido;
- Ciclone subtropical: centro de baixa pressão atmosférica não associado a sistema frontal que apresenta características tanto de ciclones tropicais quanto de extratropicais. Em relação aos ciclones tropicais, os subtropicais geralmente apresentam ventos máximos mais afastados do centro do sistema, com distâncias maiores que 60 milhas náuticas. Além disso, os campos de vento e a distribuição de convecção são menos simétricos;
- Ciclone extratropical: centro de baixa pressão atmosférica que extrai seu sistema energético por meio da energia potencial decorrente de um contraste horizontal na temperatura. Está associado geralmente a um sistema frontal.
Depois de classificar o fenômeno, a Marinha busca confirmar com instituições meteorológicas as chances de formação de ciclones. Em caso positivo, é emitido um aviso especial aos coordenadores da Metarea 5 que podem ser afetados, como o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad/Defesa Civil). Depois, os avisos são emitidos para as áreas oceânicas e costeiras que possam ser atingidas.
Sempre que há mudança na classificação ou no deslocamento dos ciclones, a Marinha também emite avisos especiais.
Yakecan
Tudo começou com um ciclone extratropical que atuou próximo da costa gaúcha desde o domingo (15). Ele se afastou para alto-mar, mas voltou para próximo da costa. Com isso, se uniu a outro ciclone extratropical, com origem na Argentina, o que resultou em ventos mais intensos.
Ao decorrer desta terça-feira (17), conforme explica a Climatempo, o fenômeno ganha mais força e passa a ser considerado como uma tempestade subtropical.