O nome dela ganhou dimensão internacional desde a última segunda-feira (1º). Indígena, jovem e única brasileira a discursar na abertura da Conferência da Cúpula do Clima (COP26), Walelasoetxeige Suruí, mais conhecida como Txai Suruí, ficou diante de uma audiência de mais de 120 líderes do planeta e falou sobre o avanço da mudança climática na Amazônia.
– A Terra está falando conosco e está dizendo que não temos mais tempo – destacou na ocasião.
De acordo com informações do portal G1, a jovem nasceu dos povos Suruí em Rondônia, tem 24 anos e é filha de Almir Suruí, uma das lideranças indígenas mais conhecidas na luta contra o desmatamento na Amazônia.
Atualmente, Txai cursa o último semestre da faculdade de Direito, mas já atua profissionalmente — ela trabalha na parte jurídica da Associação de Defesa Etnoambiental (Kanindé), entidade de defesa da causa indígena em Rondônia. No mesmo Estado, a jovem fundou o Movimento da Juventude Indígena. À frente do grupo, já liderou atos pedindo pela saída do presidente Jair Bolsonaro e denunciou o avanço da agropecuária sobre a terra indígena Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia (confira postagem abaixo).
Uma das suas participações mais recentes em protestos foi em agosto, contra mudança na demarcação de terras. Na manifestação, indígenas ocuparam a Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Na COP26
O traje tradicional e o rosto pintado deram simbolismo às palavras de Txai Suruí na conferência de líderes em Glasgow, na Escócia. Em seu discurso, a jovem reivindicou a herança de seus antepassados e a riqueza ecológica da Amazônia. Falou, ainda, sobre a necessidade de medidas urgentes para frear as mudanças climáticas.
— Precisamos de outro caminho. Não em 2030, não em 2050, mas agora — disse a indígena, referindo-se às principais metas de progresso estabelecidas pela comunidade internacional. — Temos ideias para adiar o fim do mundo. Acabemos com as mentiras.
A proteção a líderes indígenas que são assassinados em defesa de suas comunidades também foi tema de seu discurso. Txai relembrou a morte do indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, que trabalhava fazendo registro e denúncia de extrações ilegais de madeira dentro da aldeia onde morava. Segundo a jovem, ele foi morto por defender a floresta. Em suas redes sociais, ela mostra manifestações em busca de explicações para o caso.
A COP26 começou no domingo (31) e segue até 12 de novembro.