A organização não governamental (ONG) americana Avaaz acusou o YouTube, nesta quinta-feira (16), de direcionar milhões de usuários para vídeos que negam as mudanças climáticas e pediu à plataforma de vídeo que abandone "a promoção gratuita da desinformação".
Em resposta ao relatório do grupo de ativistas da Avaaz, o YouTube disse que minimiza o impacto de conteúdo duvidoso, destaca fontes credenciadas e exibe informações em pesquisas relacionadas a mudanças climáticas e a outros problemas.
Propriedade do gigante da internet Google, a plataforma remove conteúdo que viola sua política contra ódio, violência e fraudes, mas se recusa a censurar outros materiais.
"Nossos sistemas de recomendação não foram projetados para filtrar ou subestimar vídeos ou canais baseados em visualizações específicas", disse o YouTube à AFP, em nota.
A Avaaz disse que estudou os resultados das pesquisas no YouTube com as palavras "aquecimento global", "mudança climática" e "manipulação climática" para ver o que a plataforma oferecia no próximo vídeo, ou como sugestão. A pesquisa aponta que 16% dos 100 vídeos mais exibidos com a pesquisa "aquecimento global" continham informações erradas, segundo a ONG.
Entre esses conteúdos, os 10 mais relevantes tiveram mais de 1 milhão de visualizações cada, informou a Avaaz.
A quantidade de vídeos potencialmente enganosos subiu para 21% no YouTube, se os termos de pesquisa fossem "manipulação climática", mas caiu para 8% com as palavras "mudança climática", segundo a mesma fonte.
— Não tem nada a ver com liberdade de expressão, mas com publicidade gratuita — disse Julie Deruy, ativista da Avaaz. — O YouTube está dando vídeos objetivamente errados que podem confundir as pessoas sobre uma das maiores crises do nosso tempo.
A AFP fez uma pesquisa no YouTube, usando as palavras "aquecimento global". O resultado foi uma página encabeçada por um resumo sobre o tópico retirado da Wikipédia e um link para o artigo completo da enciclopédia online.
A lista de vídeos sugeridos sobre esse assunto apresentou como fontes, principalmente, National Geographic, Nasa, Ted e grandes mídias como CBS, PBS ou Sky News. No ano passado, a utilização de canais de fontes respeitáveis aumentou cerca de 60%, segundo o YouTube.
A Avaaz pediu ao YouTube para remover os vídeos enganosos sobre mudanças climáticas de suas recomendações e garantir que eles não ganhem dinheiro com os anúncios da plataforma.
Confira na íntegra a nota do YouTube:
"Nós não podemos falar sobre a metodologia da Avaaz ou seus resultados, e nossos sistemas de recomendação não foram projetados para filtrar ou subestimar vídeos ou canais baseados em visualizações específicas. O YouTube tem políticas rigorosas de publicidade, que estabelecem onde anúncios são autorizados a aparecer, e nós damos aos anunciantes ferramentas para desativar conteúdos que não se alinham à sua marca. Nós também fizemos um investimento significativo para reduzir recomendações de conteúdos duvidosos e de desinformações prejudiciais, e fizemos um levantamentos de fontes confiáveis no YouTube. Somente em 2019, a utilização de canais de fontes respeitáveis aumentou cerca de 60%. Como nossos sistemas parecem ter feito na maioria dos casos neste relatório, nós destacamos fontes confiáveis de milhões de notícias e informações e exibimos painéis de informações em pesquisas relacionadas a tópicos propensos à desinformação — incluindo a mudança climática — para prover os usuários de contexto em paralelo ao conteúdo. Nós continuamos expandindo esses esforços para mais temas e países."