Um projeto de lei que prevê o aumento da pena a quem abusa, fere ou mutila cães e gatos foi aprovado na Comissão Especial sobre Maus-Tratos a Animais, na Câmara dos Deputados. A proposta de substitutivo da legislação atual, votada nesta segunda-feira (16), prevê reclusão de dois a cinco anos, multa e proibição de guarda de pets. A pena mínima é oito vezes maior do que a atual, de três meses, e cinco vezes maior do que a máxima, de um ano.
Conforme o deputado Celso Sabino (PSDB-PA), relator da comissão, a reclusão é mais indicada para crimes contra cães e gatos por serem "os animais mais adotados como de estimação" e que "estabelecem relação de intimidade" . Diferentemente da detenção, a reclusão pode ser imediatamente cumprida em regime fechado.
— É para evitarmos que aquele que pratica maus-tratos a animais possa sair na mesma hora ou no mesmo dia da delegacia. Uma lei que faça com que o cidadão tenha medo de maltratar o animal e possa produzir exemplos para pessoas que estejam mal-intencionadas: se fizer aquilo, vai para o presídio — disse Sabino.
Atualmente, a Lei de Crimes Ambientais determina detenção de três meses a um ano e multa para casos de violência contra animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.
A comissão especial iniciou os trabalhos no início de junho e realizou audiências públicas em Brasília (DF) e um seminário no Pará. O texto original, do deputado Fred Costa (Patriota-MG), previa pena de reclusão de um a quatro anos e multa por maus-tratos a todos os animais.
Um documento alternativo mais rigoroso chegou a ser apresentado pelo relator Celso Sabino. Além de tipificar outras sete condutas criminosas – como abandono de animais, organização de rinhas, zoofilia e manutenção de estabelecimento clandestino para criação ou comercialização de animais – também punia, com detenção e multa, os casos de omissão de socorro de animais e os veterinários e as autoridades que deixassem de comunicar e agir em caso de maus-tratos.
No entanto, o deputado admitiu que houve resistências à proposta. Com isso, o texto apresentado tornou-se mais enxuto.
O deputado Gervásio Maia (PSB-PB), reconheceu um "avanço possível" com o texto aprovado, mas lamentou a restrição do aumento de pena apenas para os maus-tratos a cães e gatos.
— Eu assisti a um vídeo hoje de um gado sendo exportado com requintes de crueldade no embarque e também no desembarque. Eu sei que a força dos que estão no andar de cima é muito grande. Se nós não tivéssemos avançado com as limitações que foram colocadas, essa matéria sequer iria seguir adiante — afirmou.
A proposta ainda será votada pelo plenário, onde já tramita em regime de urgência.
*com informações da Agência Câmara Notícias