Milhões de pessoas devem sair às ruas no mundo todo, nesta sexta-feira (20), para exigir ações concretas contra as mudanças climáticas que ameaçam a Terra, na maior mobilização do gênero já realizada. Como parte da greve global pelo clima, foram programadas cerca de 5 mil manifestações em mais de 139 países.
Depois de os primeiros grandes atos serem registrados na Austrália, onde se estima que 300 mil pessoas tenham participado de protestos em cidades como Sidney e Melbourne, as manifestações também chegaram à Europa.
— Estamos aqui para mandar uma mensagem aos poderosos, aos políticos, para lhes mostrar que estamos preocupados e que isto é realmente importante para nós — afirmou Will Connor, um jovem de 16 anos de Sidney.
Também foram registrados atos em ilhas do Pacífico, como Vanuatu, Salomão e Kiribati, territórios ameaçados pela elevação do nível do mar devido ao aquecimento climático.
Nestas ilhas, crianças e jovens estudantes cantaram "não estamos fugindo, estamos lutando".
Em Tóquio, quase 3 mil pessoas protestaram de maneira pacífica. "O que nós queremos? Justiça climática! Quando queremos? Agora!", gritaram os participantes.
Na Indonésia, milhares de pessoas aderiram à convocação. O país é palco de incêndios florestais, que provocaram uma grande nuvem de fumaça tóxica nos últimos dias. Na África do Sul, 500 pessoas protestaram em Johannesburgo.
Na Europa, 15 mil pessoas compareceram a uma manifestação em Bruxelas, enquanto na Alemanha, onde os ecologistas têm um forte peso eleitoral, ativistas bloquearam o trânsito no centro de Frankfurt. Em Berlim, o principal evento começou no emblemático Portão de Brandeburgo.
Em Paris, Jeannette, de 12 anos, estava acompanhada do pai, Fabrice.
— É meu aniversário e pedi para vir. A situação me deixa triste. Estamos em apuros e estamos fazendo tudo errado — disse.
As manifestações também foram importantes em Nova Délhi, Mumbai e Manila. Algumas autoridades locais, escolas e empresas estimularam a participação. Outras instituições criticaram o movimento, afirmando que as faltas devem ser explicadas. Os jovens não parecem, porém, dispostos a ceder.
A mobilização obteve importantes suportes no meio político. Nesta quinta-feira, os prefeitos de Paris, Anne Hidalgo, de Nova York, Bill de Blasio, de Los Angeles, Eric Garcetti, e de Copenhague, Frank Jensen, assinaram uma carta na qual afirmam que o planeta está diante de uma "emergência climática", que exige "ação urgente".
Eles manifestaram apoio à greve deflagrada por crianças, adolescentes e jovens: "Quando sua casa está em chamas, alguém precisa acionar o alarme. Os jovens de nossas cidades, demonstrando incrível maturidade e dignidade, estão fazendo isso. Crianças em idade escolar estão indo às ruas e chamando atenção para a terrível ameaça que o colapso do clima representa para seu futuro".
Uma das principais lideranças do movimento é a adolescente sueca Greta Thunberg, de 16 anos. Nesta quinta-feira, em Nova York (onde mais de um milhão de alunos das escolas públicas foram autorizados a faltar às aulas para participar na manifestação), Greta afirmou que há soluções que estão sendo "ignoradas", e pediu que os mais jovens tomem a iniciativa contra o aquecimento global.
— Tudo conta. O que você faz tem importância — conclamou.
A adolescente sueca está em Nova York para a cúpula do clima das Nações Unidas, que terá início na próxima segunda-feira (23). O movimento quer pressionar políticos e empresários a adotar medidas necessárias para deter o aquecimento global, que segundo os cientistas provocará uma catástrofe ambiental.
— Lutamos por nós, pelos nossos amigos, pela nossa família e pelo rapaz que mora na nossa rua. Lutamos porque é essa a nossa obrigação — disse Katie Eder, ativista de 19 anos responsável por três organizações dedicadas ao meio ambiente e ao impacto social.
Além dos jovens, as manifestações vão contar também com a presença de várias associações humanitárias, sociedades dedicadas às causas ambientais e, ainda, vários funcionários de algumas das maiores empresas do mundo, como a Amazon e a Microsoft.
No Brasil, atos estão marcados nas principais capitais na tarde desta sexta-feira. Em Porto Alegre, uma manifestação deve ocorrer na Redenção por volta de 16h.