A ativista adolescente Greta Thunberg levou sua luta contra as mudanças climáticas ao Congresso dos EUA nesta quarta-feira (18), pedindo aos legisladores do país - muitos dos quais são céticos sobre o aquecimento global - que "tomem ações reais" para evitar desastres ambientais.
A sueca de 16 anos se juntou a outros ativistas que disseram que a incerteza iminente causada pela inação sobre as mudanças climáticas levou as gerações mais jovens a questionarem as intenções dos líderes políticos de hoje.
Thunberg chegou na semana passada a Washington, onde manteve uma agenda lotada: manifestando-se em frente à Casa Branca, encontrando líderes indígenas da América do Sul e reunindo-se nos degraus da Suprema Corte dos EUA com crianças que estão processando o governo por inação climática.
Na segunda-feira, ela se encontrou com o ex-presidente Barack Obama, que a saudou como "uma das maiores defensoras do nosso planeta" e recebeu um prêmio de "embaixadora da consciência" da Anistia Internacional.
Na aparição de quarta-feira, diante de uma audiência conjunta de dois comitês da Câmara, sua mensagem foi humilde, mas contundente.
"Eu não quero que vocês me escutem, quero que escutem os cientistas", disse, observando que queria que seu testemunho de abertura fosse um relatório das Nações Unidas de 2018, que pedia a limitação do aquecimento global a 1,5 graus Celsius.
"Eu quero que vocês se unam por trás da ciência - e depois eu quero que vocês tomem ações reais", acrescentou.
Nos últimos anos, Congresso tem estado praticamente estagnado no sentido de mitigar as mudanças climáticas.
O presidente Donald Trump questionou abertamente os efeitos da mudança climática, e seu governo republicano revogou várias regulações da era Obama que visavam reduzir a poluição industrial, limpar as hidrovias dos EUA e proteger terras federais.
Embora o congressista Garret Graves tenha reconhecido que "ações agressivas" são necessárias, ele disse que era fundamental garantir "que estamos avançando com base em fatos".
Graves e outros republicanos também enfatizaram que a segunda maior economia do mundo, a China, precisa tomar medidas dramáticas para conter suas próprias emissões.
O governo Trump abandonou o acordo de Paris em 2017.
- 'Vergonhoso' e 'covarde' -
Jamie Margolin, de 17 anos, cofundadora do grupo This Is Zero Hour, acusou legisladores americanos de estarem envolvidos com interesses corporativos, incluindo a indústria de combustíveis fósseis.
Jovens ativistas ante o Congresso "suplicando por uma Terra habitável não devem encher você de orgulho - deve envergonhá-lo", disse.
Os legisladores passaram incontáveis horas com lobistas de empresas que "estão ganhando milhões de dólares com a destruição do futuro da minha geração", acrescentou.
Margolin também disse aos legisladores que eles não tinham desculpa para não fazer tudo ao seu alcance para ajudar a deter a mudança climática, pelo bem de seus filhos.
"Você pode realmente olhá-los nos olhos e dizer 'Não, desculpe, eu não pude fazer nada porque aquele país ali não fez nada?'", questionou. "Isso é vergonhoso e covarde."
Democratas da Câmara, como Eliot Engel, presidente do Comitê de Relações Exteriores, aplaudiram Thunberg e seus colegas ativistas, dizendo que os legisladores "devem a eles fazer o que for possível agora para garantir que o mundo seja salvo".
Mas ele também observou que "há muitos" no Congresso que ainda negam a ciência climática.
Benji Backer, de 21 anos, blogueiro conservador e ativista climático que testemunhou, tinha uma mensagem para os legisladores conservadores: "O clima está mudando" e eles devem adotar abordagens "razoáveis" para lidar com isso.
Ele também ofereceu uma mensagem a Trump: "A ciência climática é real, não é uma farsa".
"Insto que aceite as mudanças climáticas pelo que elas são e aja de acordo", acrescentou Backer.
Greta ganhou destaque quando repreendeu os delegados no Fórum Econômico Mundial na Suíça no início deste ano por sua inação na mudança climática.
Nesta quarta-feira, os legisladores dos EUA buscaram sua sabedoria sobre como inspirar os jovens a se envolverem na luta.
"Apenas diga a verdade a eles" sobre a ciência e os perigos das mudanças climáticas, disse Thunberg.
"Precisamos informá-los e começar a tratar essa crise como a emergência existencial que ela é", acrescentou. "Então acho que as pessoas vão entender e querer fazer algo a respeito".
* AFP