O reaparecimento de lama na Praia do Cassino, em Rio Grande, durante o fim de semana, reacendeu a discussão sobre a causa do fenômeno. O grupo SOS Cassino registrou a lama na orla da praia, em fotos e vídeos nas redes sociais, e atribui a ocorrência às obras de dragagem do canal de acesso ao Porto de Rio Grande, o que é negado pela Superintendência do Porto do Rio Grande (SUPRG).
Em 2014, quando foi feita a última dragagem no Porto de Rio Grande, alguns trechos da praia tiveram o aparecimento da lama fluida e, desde então, debate-se a origem.
Os técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) consultados durante todo o processo que viabilizou a obra de dragagem já foram informados sobre o aparecimento da lama na praia. A Superintendência do Porto se manifestou por meio de uma nota oficial (veja ao fim deste texto), na qual afirma que o grupo de trabalho se reuniu no fim de semana e analisou as imagens e dados obtidos pelo sistema de monitoramento da costa brasileira.
A SUPRG também ressalta que "os eventos de lama fluida na praia possuem mais de 100 anos de ocorrências públicas registradas, com ou sem dragagem em andamento no canal do porto" e que "a última dragagem ocorreu em 2014 e, em 2016 (meses de julho e agosto), por exemplo, foram registrados diversos eventos de lama fluida na beira da praia".
O representante do grupo SOS Cassino, Helder Salvá, considera o fato uma "tragédia anunciada".
— Desde 2014 estamos debatendo e chamando a atenção para o aparecimento da lama. É uma tragédia anunciada, pois nos apropriamos de conhecimento e entendemos bem essa questão. O progresso é necessário ao Porto para escoamento das safras e para o agronegócio, mas não temos como engolir que é uma mera coincidência — disse Helder, fazendo referência a última dragagem e ao aparecimento da lama na oportunidade.
Leia a nota da SUPRG na íntegra:
A Superintendência do Porto do Rio Grande, sobre o evento de lama na costa da Praia do Cassino, informa que está em constante monitoramento do processo de dragagem do canal de acesso. Desde a última sexta-feira (7), a Superintendência e o Grupo de Trabalho formado entre o corpo técnico da autarquia e da Universidade Federal do Rio Grande observaram o aparecimento de lama fluida e ampliou as análises que culminaram com uma reunião do Grupo de Trabalho neste sábado (8).
Foram analisadas conjuntamente as imagens de um levantamento aéreo e dos dados obtidos pelo Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira. Os eventos de lama fluida na praia possuem mais de 100 anos de ocorrências públicas registradas, com ou sem dragagem em andamento no canal do porto. A última dragagem ocorreu em 2014 e, em 2016 (meses de julho e agosto), por exemplo, foram registrados diversos eventos de lama fluida na beira da praia.
O Grupo de Trabalho analisou as fortes ocorrências meteorológicas dos últimos dias, desde o ciclone extratropical, como a direção e a força do vento em direção a costa e também as altas energias de ondas registradas nos últimos dias. Com todos os monitoramentos existentes, a SUPRG está analisando todas as hipóteses possíveis e não encontrou ainda a relação entre a dragagem e o surgimento de lama.
Cabe salientar que a dragagem conta com fiscalização a bordo e dados sendo analisados a todo instante para garantir o cumprimento das condicionantes impostas pelo Ibama. Da mesma forma, o processo de overflow esteve suspenso por 15 dias e nos ciclos foi utilizado o tempo mínimo, gerando o menor fluxo possível.
A Superintendência reforça o compromisso com a sociedade de que segue trabalhando junto à Universidade Federal do Rio Grande a investigação que busca encontrar a origem da lama que chegou a costa neste final de semana. O monitoramento do bolsão de lama segue, o sítio de descarte licenciado pelo Ibama e todo o processo em si de operação da dragagem de manutenção.