Há oito meses, a Praia do Cassino - destino de milhares de veranistas da região sul do Estado - apresenta diversos pontos com acúmulo de lama, que chega a dois metros de profundidade. Segundo a Secretaria do Cassino, cerca de sete quilômetros de praia estão comprometidos. Segundo reportagem da Rádio Gaúcha, as causas do fenômeno dividem opiniões.
A lama acumulada na orla preocupa os veranistas que costumam transitar de carro pelo local. De acordo com o secretário do Cassino, Paulo Rogério Mattos Gomes, dois pontos são considerados críticos: próximo ao Arroio das Cabeças e ao Arroio das Bases, na Querência - locais onde a lama está funda.
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Pesquisadores e ambientalistas, como o professor do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Lauro Caliari, defendem que o fenômeno está diretamente relacionado ao processo de dragagem no Porto de Rio Grande.
- Eu comecei a fazer uma relação entre o sítio de despejo da lama e os eventos de lama na praia. E comecei a encontrar uma correlação muito forte. Nos anos em que tinha a dragagem, 15 dias depois aparecia o sedimento na beira da praia. Um evento marcante na costa do Rio Grande do Sul foi a grande deposição de 1998, quando 14 quilômetros de praia foram impactados - disse.
A última dragagem do canal de acesso do Porto de Rio Grande foi realizada entre dezembro de 2013 e janeiro deste ano. Na ocasião, foi retirado 1,6 milhão de metros cúbicos de lama, que foi depositado a 16 quilômetros da costa. A Superintendência do Porto discorda da opinião d pesquisador e afirma que todas as dragagens são licenciadas pelo Ibama e cumprem requisitos ambientais - como o local apropriado para o descarte de dejetos.
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- Quando são realizados os processos de dragagem no porto, nós temos três tipos de fiscalização. A primeira é a operacional, que permanece na draga 24 horas por dia, verificando se a empresa responsável está dragando no local correto, fazendo a viagem no tempo certo e depositando a lama no local certo. A segunda é a equipe de fiscalização ambiental, que comparece a bordo para averiguar se todas as normas do Ibama estão sendo cumpridas. O terceiro é a fiscalização virtual, através do site do Porto - disse o diretor técnico da Superintendência do Porto de Rio Grande, Leonardo Maurano;
- Mas estamos contratando um estudo da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) para mostrar a população que não existe relação entre a dragagem e o aparecimento de lama na orla da praia - complementou.
Silvio Zunino é morador do balneário Cassino e, por causa do problema, investiu em veículos especializados em retirar carros que ficam atolados na orla da praia. Só no último mês, segundo ele, foram 100 pedidos de socorro de motoristas. O valor cobrado varia de R$ 50 a R$1 mil.
-O pessoal sabe que tem lama, mas insiste em andar bem na beira do mar, e é um risco, porque geralmente o pessoal atola. São locais que estão com uma camada de areia, mas que tem lama embaixo que pode chegar a dois metros de profundidade - contou o morador.
De acordo com o secretário do Cassino, até o inicio da temporada, mais placas de sinalização serão instaladas na Praia do Cassino - com intuito de informar os veranistas que não sabem do problema.