Em artigo publicado na seção Horizontes do caderno DOC, no dia 27/9, as professoras da PUCRS Francine Bernard e Sandra Einloft defenderam a necessidade de reaproveitar ou diminuir as emissões de gás carbônico com o objetivo de amenizar o aquecimento global, denunciado pelos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (vinculado à ONU) – ponto de vista refutado por geólogo, que argumenta que a elevação da temperatura se deve a causas naturais. Leia abaixo o texto e acesse todos os artigos da seção Horizontes, um espaço para discutir ideias e pesquisas, no mercado e nas universidades, que nos fazem vislumbrar um futuro cada vez mais próximo.
Por Flávio Juarez Feijó
Geólogo, mestre em Geociências pela UFRGS
É preciso denunciar o alarmismo irresponsável do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Quem se opõe às fantasias catastróficas não são céticos, até porque não estamos falando de religião, mas sim cientistas censurados pelos editores subjugados pelo poder dos países industrializados.
A ciência afirma e comprova que aquecimentos e resfriamentos globais são naturais e já ocorreram dezenas de vezes ao longo de pelo menos 500 milhões de anos. As causas vão desde os movimentos dos continentes através das eras, passando pelas variações orbitais da Terra e as oscilações na atividade solar. Há apenas 10 mil anos o planeta saiu de uma extensa idade do gelo, com evidências espetaculares no Hemisfério Norte. E é muito provável que outra era glacial se aproxime, não o contrário.
O aumento atual do gás carbônico na atmosfera (para apenas 0,4%!) é uma consequência do aquecimento natural, e não uma causa. Além disso, o gás carbônico não é o gás de efeito estufa principal, mas sim o vapor d’água. Basta medir a grande amplitude térmica diária em regiões desertas e secas, em contraposição à baixa amplitude nas selvas quentes e úmidas.
O derretimento de geleiras acrescenta literalmente uma gota no oceano, sem aumentar o nível do mar. O gelo da Antártica está muito bem protegido pela Corrente Circumpolar Antártica há 30 milhões de anos e não vai derreter tão cedo. E menos gelo no Ártico significa a abertura de novas rotas de navegação, o que é ótimo.
Há um apelo deliberado ao pânico irracional, apontando para furacões cada vez mais destruidores. Muito pelo contrário, a agência americana de estudos atmosféricos mediu uma diminuição no número de furacões nos EUA, de 20, em 1860, para 11, em 2005. Sua intensidade também diminuiu, e os danos cresceram nesse período porque aumentaram a população e as construções.
Os combustíveis fósseis são parte integrante da vida moderna, e o uso responsável deve ser otimizado, mas jamais eliminado. Ou todos os milhares de grandes navios cargueiros que movem o mundo passarão a ter propulsão nuclear? Vamos abrir mão de 100 mil voos diários em jatos de passageiros? Os tão admirados carros elétricos precisam da energia proveniente de usinas termelétricas, que em 90% dos casos utilizam carvão, óleo ou gás.
O uso de biocombustíveis seria cômico se não fosse trágico, pois o etanol somente serve ao transporte individual. Ônibus e caminhões consomem 1 milhão de barris de óleo diesel por dia no Brasil, e se fossem convertidos para etanol seriam necessários 18 milhões de hectares de canaviais, ou metade da área plantada em todo o país.
Grandes avanços tecnológicos terão de ser alcançados para que as fontes de energia elétrica alternativas alcancem níveis significativos. Uma fazenda de geradores eólicos produz 5 Megawatts (Mw) por quilômetro quadrado; uma geradora de energia solar, 60 Mw por quilômetro quadrado; uma usina termelétrica a gás produz 500 Mw por quilômetro quadrado; uma hidrelétrica, 10 Mw na mesma área; e uma usina nuclear, 5.000 Mw na mesma área. Cada uma tem suas vantagens e desvantagens, e a sociedade moderna precisa utilizar todas elas com sabedoria.
Um uso nobre e pouco considerado do óleo e do gás é a indústria petroquímica. Cada um de nós tem em torno e sobre o próprio corpo dezenas de produtos derivados da nafta. É difícil imaginar o retorno aos materiais puramente minerais, animais ou vegetais.
Reduzir emissões e injetar gás carbônico em poços exigirá investimentos impossíveis, com resultados nulos. Equivale a desviar a rota de furacões com ventiladores gigantes, o que incrivelmente foi tentado na Flórida em 2017. Os vulcões emitem 20 a 30 vezes mais gás carbônico do que as indústrias e os veículos. Vamos então tampar os vulcões?
Em vez de lutar inutilmente contra a natureza, a humanidade deve aproveitar as benesses destes tempos mais quentes, que liberam vastas áreas antes congeladas para a agricultura. Foi exatamente em épocas cálidas assim que floresceram as civilizações assíria e egípcia e o Império Romano.
Todo esse alarde visa a manter os países subdesenvolvidos como estão, para não competir com os mais ricos diante das fontes de energia necessariamente limitadas. É uma realidade chocante que os povos mais pobres são os que menos consomem energia, e o IPCC existe para mantê-los assim.