A proposta de alargamento da Praia Central de Balneário Camboriú, no litoral catarinense, que promete triplicar a faixa de areia, chegou à fase de projeto executivo. Nesta quarta-feira (28), equipes técnicas da Fatma, responsável pelo licenciamento ambiental, vão se reunir com a prefeitura para alinhar o andamento do processo.
O orçamento previsto para o engordamento da faixa de areia, sem contar a nova urbanização da praia, é de R$ 82 milhões a R$ 105 milhões. O cálculo levou em conta três orçamentos, de duas empresas belgas e uma dinamarquesa – todas com experiência em obras similares ao redor do mundo. O projeto mantém a escolha da jazida, que fica a 15 quilômetros da costa e foi determinada a partir de um estudo contratado pela prefeitura em 2012.
O engordamento - com o triplo de espaço de areia - será feito por aterro hidráulico. Uma draga vai retirar a areia da jazida, e o material será levado até a faixa de areia por tubulação. Máquinas vão "empurrar" a areia em direção ao mar e fazer o nivelamento. O alargamento deverá se dar em etapas, do Pontal Norte até a Barra Sul.
O projeto custou pouco mais de R$ 600 mil e foi feito pela empresa Alleanza, de Joinville. O documento, financiado e produzido pela iniciativa privada por meio do Instituto +BC, foi doado à prefeitura para que viabilize a obra. Os cálculos matemáticos do aterro ficaram a cargo da dinamarquesa BHI.
Embora a obra seja trabalhosa, o prazo de conclusão é rápido: de quatro a seis meses, segundo o prefeito Fabrício Oliveira (PSB). Nos próximos dias a prefeitura vai se posicionar quanto ao cronograma de trabalho, que ainda depende da liberação das licenças ambientais e da captação de recursos.
Nos últimos meses, o prefeito buscou apoio junto ao governo do Estado e levou o projeto ao presidente Michel Temer (PMDB). A mais recente aproximação foi com o BNDES, que é uma das opções de financiamento. A prefeitura pretende quitar o possível empréstimo com a arrecadação vinda da outorga de espaços públicos na Praia Central, como quiosques. Desde o ano passado o município possui a gestão plena das praias, mas ainda não regulamentou a forma como será feita a cobrança.
A justificativa da prefeitura para viabilizar o projeto é a perda de espaço na faixa de areia. Imagens de satélite mostram que houve um avanço significativo do mar nos últimos anos. A falta de sol por causa das sombras dos edifícios da orla na faixa de areia foi destaque nacional recentemente.
Parceria entre público e privado
O Instituto +BC, entidade que financiou o projeto executivo do alargamento da faixa de areia, é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) formada por 15 empresários de Balneário Camboriú. O construtor Nivaldo Pinheiro, que coordena o grupo, disse que a iniciativa de doar o projeto à prefeitura é para agilizar o processo e garantir que houvesse qualidade.
— A licitação pública exige que se contrate o menor preço. Pelo grau de importância e responsabilidade dessa obra, é necessário buscar as empresas competentes para fornecer um projeto que ofereça confiança — afirma.
O projeto executivo custou R$ 660 mil, bancados pelo instituto. Há interesse do empresariado local em garantir que a obra saia do papel, e que seja executada com qualidade para evitar problemas como a mudança no perfil da praia – torná-la mais perigosa, como ocorreu em Copacabana, pode ser fatal para o turismo em Balneário Camboriú.
Se tudo correr bem, a expectativa é positiva: corretores estimam que os imóveis da cidade tenha uma valorização de até 15% com o alargamento da faixa de areia.