Uma nova análise da Secretaria de Agricultura e Pesca de SC nesta sexta-feira (20) deu positivo para a presença da toxina paralisante (PSP) em mexilhões, substância que causou a interdição do cultivo e produção de moluscos em todo o Estado. As amostras são das praias de Ganchos de Fora, em Governador Celso Ramos, e Armação de Itacoporói, em Penha.
Neste sábado (21) pela manhã, técnicos da Secretaria farão um sobrevoo de helicóptero de Florianópolis a Penha em busca de manchas no mar. Conforme o governo, não foram encontradas amostras positivas em Florianópolis.
De acordo com o gerente de pesca e aquicultura da Secretaria, Sergio Winckler da Costa, os consumidores de ostras, mexilhões, vieiras e berbigões não precisam ficar preocupados, pois esta interdição é uma operação de rotina, necessária para manter a segurança alimentar.
— Não há motivo para alarde. Esses fenômenos são naturais, e o governo do Estado mantém esse programa permanente de monitoramento para evitar que o consumidor tenha qualquer problema de saúde.
Conforme Winckler, não há como a Secretaria medir o impacto econômico entre os maricultores, pois o produtor não perde a produção, fica apenas impedido de comercializar. E que ele pode colocar os moluscos de volta na água até que a interdição termine.
Maricultores discordam da Secretaria
Em Santo Antônio de Lisboa, um dos principais pontos de cultivo de ostras de Florianópolis, a medida deixou os produtores indignados. O maricultor José Alberto Queiroz questiona a interdição em todo o litoral catarinense, sendo que em Florianópolis não foram encontradas amostras da toxina.
— Estão matando a gente. Só hoje (sexta) e amanhã, de encomenda, são R$ 3,8 mil, fora o que eu deixei de vender na praia. Tem que ser baseado em uma análise aqui da região para fechar. Se a análise fosse em todo o litoral de Santa Catarina, eu concordo, mas assim ficam as minhas dúvidas.
Toxina Paralisante
O PSP é causado por toxinas do grupo saxitoxina que podem causar diarreia, náuseas, vômitos, dores abdominais, perda de sensibilidade nas extremidades corpo e, em casos severos, paralisia generalizada e óbito por falência respiratória. Os sintomas podem começar aparecer imediatamente ao consumo dos moluscos contaminados.
Essas toxinas são estáveis e não são degradadas com o cozimento ou processamento dos moluscos. Todos os moluscos filtradores, independente se são ou não cultivados, podem acumular as toxinas. É importante salientar que a presença da PSP na água não representa risco aos banhistas.
Segundo o representante do Laboratório Laqua-Itajaí/IFSC, doutor Luis Proença, as microalgas que vivem na água compõe a principal fonte primária de alimento dos organismos marinhos. Em condições ambientais favoráveis, o número de células em suspensão na água pode aumentar de forma significativa. Embora a grande maioria de espécies de microalgas seja benéfica, algumas espécies produzem potentes toxinas que podem ser acumuladas por organismos filtradores, como, por exemplo, moluscos bivalves.
Algumas espécies do gênero Alexandrium produzem neurotoxinas causadoras do PSP (Paralytic Shellfish Poisoning). Essas toxinas quando acumuladas em organismos marinhos, principalmente moluscos bivalves, podem causar intoxicação de seres humanos quando consomem os organismos contaminados.
Proença explica que a presença de PSP em moluscos no litoral de Santa Catarina é relativamente rara, sendo sua primeira detecção ocorrida em 1997.