Uma hora. Foi esse o tempo que durou a apreensão de Graciele Timm Nolasco na madrugada do último domingo (20). Foram 60 minutos entre a mensagem alertando sobre o acidente sofrido pelo filho João Pedro Milgarejo, 17 anos, e a primeira vez que a técnica de enfermagem conseguiu falar com o primogênito.
João estava entre os passageiros da van do projeto Remar para o Futuro que sofreu um acidente em Guaratuba, no Paraná. Dos dez que estavam no veículo, apenas ele sobreviveu. João chegou a ser encaminhado para um hospital de Joinville, em Santa Catarina, com ferimentos leves, e recebeu alta no fim da noite.
— A sensação era de emoção e aflição, porque até então eu não sabia como ele estava. A gente, como mãe, quer ver o filho. Foi uma emoção muito grande, porque o meu filho sobreviver foi um milagre de Deus — disse Graciele em entrevista a Zero Hora.
Depois de receber a mensagem de Veronica Diedrich, supervisora do projeto esportivo e social, ela viajou até o norte catarinense para acompanhar o retorno do filho a Pelotas na madrugada de terça-feira (21).
— Ele não se lembra de muita coisa do acidente. Hoje a minha palavra é de gratidão pela vida do meu filho. Olhando a van, o estado que ficou, é inacreditável — completou.
"O remo era a vida deles"
A mãe de João Pedro também falou sobre a relação do menino de 17 anos com o remo e com as vítimas do acidente.
— O remo era a vida deles. Eles tinham uma disciplina imensa. O Oguener (Tissot, treinador e coordenador técnico do projeto social que morreu no acidente) falava muito com eles sobre isso. O João respirava remo, dormia remo e tinha um foco, (assim como) toda a gurizada. Eles passavam 24 horas dentro do remo, com chuva, com sol, para conseguirem competir.
O velório dos nove mortos no acidente (os sete adolescentes atletas, o treinador da equipe e o motorista do veículo) será realizado nesta terça, na sede campestre do Centro Português 1º Dezembro, em Pelotas.