A Vara Criminal de Santo Antônio da Patrulha marcou para 6 de abril o primeiro interrogatório do médico Leandro Toledo de Oliveira, réu no processo que apura o atropelamento e a morte da adolescente Bárbara Andrielli Mendes de Moraes, 15 anos, na freeway, em 3 de março de 2019. Na mesma audiência, será ouvida a última testemunha que falta.
Bárbara morreu enquanto andava na carona de uma moto, num domingo de Carnaval, após ser atingida por uma BMW X5 conduzida pelo médico. O piloto da motocicleta e os pais da adolescente, que estavam em uma moto ao lado, também foram atingidos e ficaram gravemente feridos.
Segundo denúncia do Ministério Público (MP), Oliveira dirigia "bêbado e em alta velocidade". Ele estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa, por ter sido flagrado embriagado em outra oportunidade.
O acidente demorou 85 horas para ser registrado pela Polícia Rodoviária Federal e só foi comunicado à Polícia Civil, como deveria ser o procedimento padrão, após a reportagem de GZH procurar informações sobre o caso. Por isso, o condutor não foi submetido ao bafômetro, detido ou levado para uma delegacia.
Em abril do mesmo ano, o delegado Valdernei Tonete concluiu a investigação e indiciou o médico por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O promotor de Justiça Camilo Santana divergiu do entendimento e denunciou Leandro por homicídio e três tentativas de homicídio com dolo eventual — quando se assume o risco de matar. O promotor espera que Leandro seja julgado pelo Tribunal do Júri.
— As testemunhas até o momento confirmam o relato da denúncia, no sentido de que o réu agiu com dolo eventual, por ter se embriagado e estar em alta velocidade numa rodovia movimentada. Então, pelo panorama probatório até o momento, entendo que se confirma a acusação e ele deverá ser submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri. Esse será o nosso requerimento do MP.
Procurada, a advogada Karina Mombelli afirma que a estratégia de defesa é desclassificar o dolo.
— Estamos confiantes no acolhimento da tese de desclassificação. Não existiu dolo na conduta do Leandro e isso vem sendo comprovado ao longo da instrução.
O acidente
A colisão aconteceu no trecho de Santo Antônio da Patrulha da freeway, no sentido Litoral-Porto Alegre. Bárbara estava na carona de uma moto pilotada por um amigo da família. Em outra motocicleta estavam o pai e a mãe da adolescente. Moradores de Tramandaí, eles seguiam até São Leopoldo, onde visitariam a avó de Bárbara.
O médico, segundo a investigação, retornava do Litoral, onde havia consumido bebidas alcoólicas. Ele atingiu as duas motocicletas e arrastou Bárbara por 74 metros, antes de o veículo parar completamente. O pai da menina, Douglas Samuel Ozório de Moraes, que é motoboy, teve fratura exposta em uma das pernas. A mãe, Rosângela Lopes Mendes, passou por quatro cirurgias antes de receber alta.