Anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) em visita às obras de duplicação da BR-116, em Pelotas, o fim do uso de radares móveis a partir da próxima semana pegou de surpresa a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio Grande do Sul. Em reservado, agentes afirmam que nenhuma informação sobre a medida havia sido repassada aos servidores.
Por enquanto, nada mudou, disseram os agentes. Superintendente da PRF no Estado, Luís Carlos Reischak Júnior limitou-se a dizer que aguarda orientações de Brasília:
— Essas tratativas ocorrem com a direção nacional, são um assunto presidencial.
GaúchaZH entrou em contato com a PRF em Brasília, mas ninguém atendeu às ligações.
No Rio Grande do Sul, 22 radares móveis são usados nas rodovias federais. Segundo os agentes, os dispositivos são instalados de modo temporário em pontos das estradas onde estudos apontam índices altos de acidentes.
Essa não foi a primeira vez que Bolsonaro se inflamou contra os controladores de velocidade. Em março, defendeu o fim dos radares móveis, chamados por ele de "armadilha", e das lombadas eletrônicas.
À época, o presidente chegou a cancelar o pedido de renovação de 8 mil novos radares eletrônicos. Porém, o próprio governo andou na sua contramão.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), vinculado ao Ministério da Infraestrutura, assinou um acordo proposto pelo Ministério Público Federal (MPF) para instalar os equipamentos. Homologado no dia 29 de julho pela 5ª Vara Federal em Brasília no âmbito de uma ação ajuizada pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES), o acordo prevê 1.140 radares na primeira etapa, dentro do prazo de 60 dias.
O Dnit informou a GaúchaZH, nesta segunda-feira (12), que os equipamentos estão sendo implementados. As rodovias federais estão sem radares de velocidade desde 14 de janeiro.
Na sentença, a juíza Diana Wanderlei destacou que "as partes, em unanimidade, entenderam pela importância dos radares nas rodovias federais".