De 2007 até 2018, 13.924 pessoas morreram em rodovias estaduais e federais no Rio Grande do Sul. A BR-116, marcada por atrasos nas obras de duplicação, concentra o maior número de mortes no período, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS).
Nesses 12 anos, 1.273 pessoas perderam a vida nessa estrada federal. Na segunda colocação do ranking, figura a BR-386, com 1.087 vítimas.
Em 2018, a BR-386 ficou no topo entre as estradas mais mortais no RS, com 89 óbitos. Na sequência, aparece a BR-290, com 70 mortes.
O Detran ainda não possui o balanço parcial deste ano. No último fim de semana de Páscoa, a BR-386 registrou oito mortes em dois acidentes — em um deles, cinco pessoas da mesma família perderam a vida no trecho de Fontoura Xavier. Foram 15 mortes nas estradas do RS neste feriado.
Cinco rodovias federais figuram no top 5 de mortalidade. A estrada estadual com maior número de óbitos é a RS-122, que soma 479 na série histórica.
O levantamento do Detran leva em conta mortes ocorridas até 30 dias após o acidente.
As dez rodovias com maior número de mortes (de 2007 até 2018):
Especialistas avaliam números
Conforme os dados passados pelo Detran-RS, o pódio das vias com maior número de acidente fatais fica com BR-116, BR-386 e BR-290. Segundo especialistas no assunto, fatores como má conservação e falta de policiamento influenciam na somatória.
Em relação a duas vias importantes do Estado, a BR-116 e a BR-386, os números se mantinham perto das cem mortes ao ano em 2013 e 2014. Desde então, eles diminuem de forma tímida, mas continuam expressivos.
Um dos fatores para a baixa no número pode ser a instabilidade econômica de 2014, conforme o professor da Escola de Engenharia da UFRGS, Luiz Afonso Senna.
— Depois desses períodos, geralmente, a circulação diminui, reduzindo as mortes. São vias absolutamente fundamentais para a economia do Estado e, em muitos pontos, tem pista simples.
Na visão do engenheiro civil e doutor em Transportes da UFRGS, João Fortini Albano, os números apontam a precariedade das rodovias. Ele também cita a pista simples como fator para vítimas fatais. O cenário também é composto por curvas acentuadas e trechos mal conservados.
— Esse tipo de cenário com tráfego intenso, pista simples e sinuosa leva ao maior potencial de acidente.
Um exemplo positivo das rodovias é a BR-470, que liga o município de Navegantes (SC) ao de Camaquã (RS). Antes estadual, a via se tornou federal em 2015. Depois disso, passou a ser administrada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) — apenas uma pequena parte ainda é administrada pelo Estado, por meio do Daer. No mesmo ano, Bento Gonçalves passou a contar com um posto da PRF.
Segundo o órgão, maior policiamento e melhorias, na sinalização e na infraestrutura, explicam os números. Uma das obras de restauração que mais contribuiu ocorreu entre Bento e Garibaldi, conforme o Dnit. Se em 2013 foram 31 mortes e em 2014, 27, entre 2015 e 2018 foram apenas 10 — em 2016, nenhuma morte foi registrada pelo Detran/RS.
Policiamento é setor primordial para o especialista em análise de acidentes de trânsito, Mauri Adriano Panitz. Segundo ele, o trabalho feito é ineficiente.
— Temos um número de policiais que é o mesmo que se tinha, praticamente, há 10 anos atrás. Acidentes e mortes se reduzem com a presença do policial. Quando o motorista sente que há polícia ostensiva, ele cuida. A falta disso e a má conservação de estradas influenciam nesses números.
Para os próximos anos, a tendência é que o número de acidente diminua, conforme Albano. O fenômeno vem sendo visto, segundo ele, tanto no Estado quanto no país:
— Existe uma queda no número de óbitos, devido a campanhas de conscientização e fiscalização em todo o país, que tendem a diminuir esse problema.