Dos R$ 2 bilhões anunciados pelo governo federal para obras em rodovias no Brasil, parte será destinada para duplicar ainda neste ano pelo menos 60 quilômetros da BR-116, entre Guaíba e Pelotas, e para finalizar a nova ponte do Guaíba, entre o fim deste ano e o início do ano que vem. A destinação de recursos para duas das mais importantes obras de infraestrutura no Rio Grande do Sul foi confirmada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em entrevista à Rádio Gaúcha na tarde desta terça-feira (16). Ele não especificou, contudo, o valor que será alocado para cada trabalho, nem de onde partirão os recursos.
— Conseguimos recursos, e inclusive vamos fazer justiça ao governador Eduardo (Leite), que havia pedido uma audiência e marcaremos na próxima semana. Um valor desses R$ 2 bilhões (destinados para obras de todo o Brasil) irá para que pelo menos 60 quilômetros de duplicação da BR-116 sejam concluídos, para permitir o tráfego ainda neste ano. É um anuncio importante quo o ministro Tarcísio (Gomes de Freitas, da Infraestrutura) deve fazer na próxima semana. Da mesma forma, haverá liberação de recursos para concluir, ou praticamente concluir, as obras da (nova) ponte do Guaíba, para inaugurá-la ainda neste ano ou no início do ano que vem. São pautas muito importantes — afirmou Onyx.
O ministro-chefe da Casa Civil ainda deu detalhes sobre a linha de crédito destinada a caminhoneiros autônomos: R$ 30 mil para até dois caminhões por CPF, com três meses de carência e 30 meses para pagamento no juro mais baixo do mercado. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prevê liberar R$ 500 milhões, operados pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal.
A outra medida é o que Onyx chamou de "cartão-caminhoneiro". A ideia, já operada nos Estados Unidos e Canadá, segundo o ministro, é ressarcir o motorista que pague mais caro pelo combustível no fim da viagem na comparação com o valor pago na cidade de partida. O objetivo é garantir a estabilidade no preço durante o transporte de cargas.
— É o cartão-caminhoneiro, em fase de implementação, para o caminhoneiro contratar o diesel em Porto Alegre e pagar o mesmo valor (por exemplo) em Fortaleza, o que dá previsibilidade. E hoje também anunciamos os "lugares de descanso", uma reivindicação antiga. Há uma legislação que obriga os caminhoneiros, após certo número de horas, a fazer uma parada técnica. Ela (a parada) será determinada em todas as rodovias federais concedidas, que serão obrigadas a ter esses pontos de segurança — afirmou.
Escute a entrevista de Onyz Lorenzoni na íntegra à Rádio Gaúcha
As medidas são anunciadas após o presidente Jair Bolsonaro intervir, na quinta-feira (11), no preço do frete do diesel junto à Petrobras. A medida gerou perda de R$ 32 bilhões no valor de mercado da petrolífera e pegou investidores de surpresa, por lembrar a prática do governo Dilma Rousseff. O ministro da Economia, Paulo Guedes,acalmar os ânimos do mercado financeiro durante viagem aos Estados Unidos.
O governo federal vê os caminhoneiros com bons olhos, uma vez que a categoria foi uma das grandes apoiadoras da campanha de Bolsonaro. Ao mesmo tempo, o Planalto teme o potencial de organização da categoria. Em maio do ano passado, caminhoneiros paralisaram atividades por 11 dias, gerando desabastecimento de combustível, alimentos e diversos outros produtos no país. À época, para encerrar a greve, o então presidente Michel Temer anunciou uma série de medidas que beneficiaram a categoria, como a redução temporária do valor do diesel, com subvenção do governo federal.