A chuva que atinge a Região Metropolitana desde a noite de quinta-feira (03) ainda provoca transtornos em diversos municípios. Em Porto Alegre, desde a noite passada, choveu mais de 90 milímetros no Bairro Azenha, de acordo com as medições da estação meteorológica do Grupo RBS. É aproximadamente 75% do previsto para todo o mês. Na tarde desta sexta-feira (04), voltou a chover forte.
Moradores de Alvorada, Viamão e Cachoeirinha foram obrigados a deixar suas casas. Em Alvorada, ruas do Bairro Vila Americana estão completamente alagadas devido ao trasbordamento do Arroio Feijó. De acordo com a prefeitura do município, 750 casas foram atingidas pela enxurrada. A moradora Anita Marcelino de Souza relata é a terceira vez que tem a casa invadida pela água da chuva. Ela e a filha vão deixar a residência.
"Estou deixando a minha casa porque no ano passado eu perdi tudo por causa da chuva. Eu e minha filha perdemos tudo. Eu vou alugar uma casa. É muito caro o aluguel, por isso vou só ficar alguns meses. Aí eu volto e reformo o que sobrou e vou para outra casa. É a terceira vez que alaga a minha casa. Ano passado a água foi até o meio da parede, alcançou a janela", conta Anita.
A casa de Luciana Serafim da Silva, localizada na Rua Anita Garibaldi, está ilhada por causa dos alagamentos. Ela e o marido saíram de casa com a ajuda de vizinhos que usaram um barco. Luciana conta que a água está quase invandindo a residência:
"Onde eu moro, a água está quase na cintura. Está terrível a situação, está quase invadindo a minha casa. Tive que levantar meus móveis, tirar os meus bichos e sair. Tenho certeza que essa noite a água entra na minha casa. Eu vou para a casa da minha mãe. Desde que eu moro aqui, todo ano acontece esses alagamentos", explicou Luciana.
O Arroio Feijó também causa transtornos para os moradores da Vila Augusta, em Viamão. Durante a madrugada o arroio transbordou e a água invadiu a casa de Lúcia da Rosa.
"Eu nem consegui dormir. Fiquei em vigília a noite toda. Uma enchente terrível. Começou a chover por volta das 23h e não parou mais. Lá pelas 2h da madrugada, a água invadiu a minha casa. Foi uma correria para levantar os móveis. Coisa mais horrível", falou Lúcia.
Vilnei Moraes da Silva abriu uma loja de móveis há três meses na Vila Augusta. Nessa madrugada, a água da chuva invadiu a loja e alagou os móveis, colchões e eletrodomésticos.
"A água subiu e alagou a loja. Teve bastante perda de móveis molhados. Na medida do possível, nós vamos tentar recuperar alguma coisa, mas o prejuízo foi bem grande. Toda chuva forte alaga e faz barro. Estamos sempre preocupados. Começou o tempo para a chuva, nós sabemos que o risco é grande.Nós vamos fazendo a nossa parte, tentanto previnir, mas essa é nossa realidade aqui, infelizmente", declarou Vilnei.
O secretário municipal de Obras e Viação de Viamão Valdir Jorge Elias, conhecido como Russinho, explicou que a prefeitura alugou emergencialmente retroescavadeira para retirar os entulhos e o barro que acumularam na Vila Augusta:
"Além de transbordar o arroio, as ruas nessa região são muito baixas, o que causa o alagamento nas casas. A prefeitura está tendo amenizar a situação. Alugamos pelo menos sete retroescavadeiras e estamos usando caminhões para retirar o barro e os entulhos. A cidade toda está de baixo da água", falou o secretário.
Em Cachoeirinha, 14 famílias do Bairro Vila Olaria foram retiradas de casa devido à cheia do Rio Gravataí. Ao todo, 52 pessoas foram levadas para um abrigo municipal. Há também famílias na casa de parentes ou amigos.De acordo com o coordenador municipal da Defesa Civil, Fernando Karn, a grande preocupação é com o Rio Gravataí que está 3,5m acima do nível normal.
Moradores de Viamão relatam transtornos causados pelos alagamentos: