Agentes do posto de Gravataí da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram chamados para atender uma ocorrência envolvendo embriaguez ao volante na Freeway às 22h25 de domingo (13). Confirmado o uso de bebida alcoólica pelo motorista, o registro da prisão em flagrante ocorreu às 8h desta segunda-feira (14), quase 10 horas após o início do fato.
Falhas no sistema de saúde pública e equipes reduzidas da Polícia Civil durante a noite explicam a situação, segundo o porta-voz da PRF, inspetor Alessandro Castro.
"Precisamos levar o preso em quatro hospitais para fazer um exame. Depois, na delegacia, pode demorar se o delegado estiver em outra ocorrência, por exemplo".
Segundo Castro, a média de espera para o registro de uma prisão por embriaguez ao volante é de três horas. A equipe envolvida sempre conta com, no mínimo, dois policiais. Eles muitas vezes acabam ficando após o horário de serviço para finalizar a ocorrência.
"Essas horas devem ser compensadas posteriormente", afirma o inspetor, relatando que a corporação não prevê o pagamento de horas extras. Geralmente, a jornada de trabalho de um policial federal rodoviário é de 24 horas ininterruptas com folga de 72 horas.
Caso
Na noite de ontem, o motorista Lúcio Mário Borba bateu o carro que dirigia em outro veículo na Freeway, em Glorinha, após andar cerca de 7 km na contramão. Ele foi submetido ao teste do bafômetro, que apontou 1,02 gramas de álcool por litro ar expelido, o que configura crime. No entanto, o homem se queixou de dores no peito. Assim, antes de ser apresentado em uma delegacia, foi levado pelos inspetores ao hospital.
Borba, que precisava realizar um exame de raio-x, foi atendido apenas na quinta instituição de saúde procurada. Segundo a PRF, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Gravataí estava lotada; o Hospital Dom João Becker, na mesma cidade, não atende traumas; consultado por telefone, servidores do Hospital Cristo Redentor, na Capital, informaram que não teriam como fazer o procedimento; o Hospital de Pronto Socorro de Canoas estava com o aparelho de raio-x quebrado; apenas em uma UPA de Canoas o exame foi realizado.
Como não ficou constatado nenhum ferimento grave, Borba foi liberado dos cuidados médicos às 4h. De Canoas, os policiais levaram o homem até a Delegacia de Pronto Atendimento de Gravataí. No local, a ocorrência foi finalizada somente às 8h.
Como Borba já tinha sido preso outras duas vezes pelo mesmo motivo, em 2012 e 2013, o delegado de plantão fixou a fiança em 10 salários mínimos. Como a quantia não foi paga, ele acabou encaminhado para o Presídio Central.
Além das prisões por embriaguez ao volante, Lúcio Mário Borba também tem antecedentes por posse de drogas e disparo de arma de fogo.