A missão espacial Polaris Dawn, a primeira a ser financiada por completo pelo setor privado, realizou um feito histórico na última quinta-feira (12). Dois civis, o bilionário Jared Isaacman e a engenheira da SpaceX Sarah Gillis, fizeram um "passeio" pelo espaço, manobra conhecida como caminhada espacial.
Um dos maiores desafios que a tripulação precisou enfrentar a caminho da estratosfera foi a passagem pelos Cinturões de Van Allen, considerados pela Agência Espacial Americana (Nasa) um grande perigo para astronautas, segundo a Folha de S. Paulo. A nave retornou à Terra em segurança no domingo (15).
O que são os Cinturões de Van Allen
Por ser formado por ferro e níquel, o núcleo da Terra cria um campo magnético ao redor do planeta responsável por proteger a superfície terrestre de partículas de radiação de alta energia vindas do Sol. Essas "migalhas" de radiação se acumulam na magnetosfera em dois cinturões, em formado de rosquinha, que circundam a Terra.
O cinturão interno vem das interações dos raios cósmicos com a atmosfera terrestre, enquanto o externo é constituído de radiação solar. Astronautas precisam passar pela região para chegar ao espaço, o que deve ser feito com rapidez para reduzir a exposição.
A presença de radiação concentrada na atmosfera foi descoberta por James Van Allen, professor de física da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, em 1958. A equipe do cientista foi responsável por desenvolver uma série de instrumentos capazes de detectar raios cósmicos, posteriormente enviados ao espaço por satélites da Nasa.
Qual é o perigo dos Cinturões de Van Allen
Em uma publicação da Agência Espacial Europeia (ESA), especialistas em radiação espacial explicaram os riscos presentes na travessia dos cinturões. Existem dois tipos de consequências para o corpo humano.
Os chamados "efeitos determinísticos" são aqueles decorrentes da exposição prolongada à radiação de baixa intensidade ou da exposição a altos níveis de radiação por um curto período de tempo. Conforme publicado pelo pesquisador Pier Jiggens, são causados diversos distúrbios no sistema nervoso central, na medula óssea e na visão.
Já os "efeitos estocásticos", segundo o cientista, são as doenças que astronautas podem desenvolver a partir da exposição à radiação que só aparecem no futuro, como o câncer. O conhecimento sobre os Cinturões de Van Allen permite que as equipes das agências espaciais planejem as missões com materiais de proteção para os tripulantes.