Esferas com brilho intenso, formato similar ao de um feijão e descrição de comunicação em "padrão morse" no sistema de rádio de uma aeronave. Estes são alguns dos relatos presentes em 55 documentos sobre objetos voadores não identificados (óvnis) no Rio Grande do Sul que estão no Arquivo Nacional e foram entregues pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Os materiais estão disponíveis no Sistema de Informação do Arquivo Nacional (Sisan), plataforma online do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI). Áudios, vídeos, imagens, questionários, recortes de revistas, relatos de civis e até de pilotos de aviação estão reunidos em 893 documentos sobre aparições de óvnis em todo o Brasil, registrados entre 1952 e 2023. Destes, 55 são referentes ao RS, sendo 51 deles sobre casos distintos – até 2016, eram 45 ocorrências.
Apesar dos registros, a FAB e Comando de Defesa Aeroespacial Brasileira (Comdabra) ressaltam que os óvnis não significam a existência de extraterrestres ou aeronaves. A sigla é utilizada para denominar qualquer objeto voador cuja identificação não ocorreu de forma imediata.
No Rio Grande do Sul, os casos registrados estão espalhados por diversas regiões e municípios. Boa parte dos relatos refere-se a objetos esféricos, com brilho intenso, de movimentos rápidos e com cores que variam entre branco, azul, amarelo, vermelho e verde.
Um caso registrado em solo gaúcho possui fotos e vídeos. Na madrugada do dia 6 de outubro de 2013, um morador de Santo Antônio da Patrulha filmou dois objetos esféricos no céu do município do Litoral Norte. Nas imagens anexadas, dois óvnis com brilho oscilante aparecem lado a lado, com movimentos que aparentam ser coreografados (vídeo acima).
Relatos de óvnis no RS
Um dos casos de maior repercussão, descrito pela revista Isto É como "uma experiência digna de Steven Spielberg", ocorreu em Pelotas, no sul do RS, em outubro de 1996. Na ocasião, enquanto sobrevoava a Lagoa dos Patos, o piloto Haroldo Westendorff relatou ter avistado um óvni de formato piramidal. Um disco três vezes maior que um avião teria saído de dentro e voado em direção ao Oceano Atlântico.
Um ano antes, um estudante de 14 anos, relatou ter visto um óvni "meio arredondado, tipo um feijão", de cor branca e movimentos rápidos, sobre o céu do sítio em que morava em Porto Alegre. O caso foi registrado às 18h15min de 20 de março de 1995.
Em outro caso, um guia turístico afirmou que dois óvnis de cor vermelha foram avistados no céu do bairro Barnabé, em Gravataí, na noite de 26 de fevereiro de 1997. No registro, é relatado que os objetos estavam sobrepostos e realizavam movimentos verticais e lentos.
"Primeiro um, que se dividiu em dois", descreveu na ocorrência.
Relatos de tripulantes
Os registros mais recentes, especialmente entre 2022 e 2023, partem de pilotos de voos comerciais. Em novembro de 2011, um tripulante do voo TAM-3710 relatou ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) que avistou um óvni de cor branca durante 10 minutos de sobrevoo em Torres, além de descobrir um padrão de comunicação em código morse no sistema de rádio da aeronave.
Novamente em novembro de 2022 e também em Torres, tripulantes de uma aeronave da FAB registraram imagens de "três pontos luminosos" sobre o céu. No relato, contaram que as luzes em vermelho e amarelo realizavam movimentos irregulares, se apagavam e se acendiam, enquanto ajustavam sua posição como se fossem ajustadas por um "reostato".
Durante a aterrisagem no Aeroporto Salgado Filho na noite 6 de fevereiro de 2023, dois tripulantes de uma aeronave comercial informaram ao Cindacta a presença de quatro óvnis estáticos no céu de Porto Alegre. "(Esferas) parada, porém apagavam e ressurgiam em posições diferentes", descreve o documento.
*Produção: Lucas de Oliveira