O paleontólogo Pedro Lucas Porcela Aurélio encontrou os primeiros vestígios fósseis em território brasileiro de uma espécie de réptil que viveu há cerca de 237 milhões de anos atrás, antes do período dos dinossauros. A descoberta ocorreu em uma rocha oriunda de Paraíso do Sul, município na região central do Estado, doada ao Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
O animal faz parte do grupo Gracilisuchidae, linhagem de répteis que deu origem aos jacarés e crocodilos. O fóssil mais velho de dinossauro de que se tem conhecimento conta com cerca de 230 milhões de anos.
Conforme estudo publicado na Scientific Reports, assinado pelo paleontólogo da UFSM Rodrigo Temp Müller, a descoberta ocorreu em janeiro deste ano. Na rocha, os pesquisadores encontraram estruturas ósseas do crânio, cintura, patas traseiras e algumas vértebras.
Os pesquisadores estimam que o animal tinha cerca de um metro de comprimento e possuía pernas alongadas, diferentemente da estrutura corporal de jacarés e crocodilos conhecidos atualmente. O formato pontiagudo dos dentes permitiu classificar a espécie como carnívora, alimentando-se de animais menores. Já a “constituição leve do esqueleto” mostrou que o réptil era veloz.
O fóssil foi nomeado como Parvosuchus aurelioi, “crocodilo pequeno”, na tradução livre. O termo aurelioi é uma homenagem que faz referência a Aurélio, sobrenome do paleontólogo que realizou à descoberta.
Este é o primeiro fóssil de um réptil de pequeno porte descoberto no Brasil. Ele que faz parte de uma das inúmeras linhagens pré-históricas que deram origem aos crocodilos e jacarés. Outros três fósseis similares já foram identificados em outros países, um na Argentina, em 1972, e outros dois na China, em 1973 e 2001.
*Produção: Lucas de Oliveira