A Neuralink é a startup de implantes cerebrais de Elon Musk, que nesta última semana anunciou que obteve aprovação nos Estados Unidos para iniciar testes em humanos.
Abaixo, conheça alguns dos principais fatos sobre o projeto dos sonhos do bilionário, que busca permitir uma comunicação direta entre o cérebro humano e computadores.
Futuro ciborgue?
Fundada por Musk e uma equipe de cientistas e engenheiros em 2016, a Neuralink é uma empresa de neurotecnologia dedicada a construir canais de comunicação direta do cérebro humano com as máquinas.
O objetivo é potencializar as capacidades humanas, tratar distúrbios neurológicos como ELA ou Parkinson e, em última instância, alcançar uma relação simbiótica entre humanos e inteligência artificial.
A tecnologia funcionaria principalmente por meio de um implante chamado "Link", um dispositivo de tamanho equivalente a cinco moedas empilhadas, que seria colocado dentro do cérebro humano por meio de uma cirurgia invasiva.
Esse hardware teria eletrodos capazes de registrar a atividade neural e estimular regiões específicas do cérebro. Pesquisadores esperam que os recursos do implante também possam tratar paralisia, lesões na medula espinhal e distúrbios cerebrais.
O Link poderia borrar a linha entre a consciência humana e a computação - uma ideia que há muito tempo empolga especialistas em tecnologia, ao mesmo tempo que alimenta pesadelos de um futuro distópico dominado por ciborgues.
No ano passado, 78% dos adultos americanos pesquisados pelo Pew Research afirmaram que provavelmente ou definitivamente não desejariam ter um chip como esse implantado para processar informações com mais agilidade.
Desenvolvimento de interface cérebro-máquina tem vários concorrentes
De acordo com a empresa de dados Pitchbook, a Neuralink, sediada na Califórnia, conta com mais de 400 funcionários, e já arrecadou pelo menos US$ 363 milhões.
Embora frequente mais as manchetes, Musk não é o único a atuar nesse campo, conhecido como pesquisa de interface cérebro-máquina, ou cérebro-computador.
Com atrasos, o magnata teria procurado se unir ao desenvolvedor de implantes Synchron, que tem sede na Austrália e implantou seu primeiro dispositivo em um paciente dos Estados Unidos em julho de 2022. Sua versão de implante não requer cortes no crânio para instalação, diferente do Link.
Outro projeto de implante, este para fins de pesquisa, é da empresa Blackrock Neurotech, que também recebeu autorização do regulador americano, a FDA, para testes em humanos.
Por sua vez, um dos cofundadores da Neuralink se separou de Musk e arrecadou capital de risco para seu próprio projeto em uma startup chamada Science.
Outras empresas que buscam entrar no setor incluem BrainCo, Kernel e CTRL-Labs, que agora faz parte da divisão de realidade virtual da Meta (controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp).
Testes teriam matado milhares de animais
A aprovação da FDA para testes em humanos é um grande alívio para a Neuralink, que até então vinha testando seus implantes em macacos e outros animais.
A agência Reuters informou em dezembro que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) havia iniciado uma investigação sobre possíveis violações da legislação de proteção aos animais na Neuralink.
De acordo com o relato, a companhia matou, desde 2018, cerca de 1,5 mil animais, incluindo mais de 280 ovelhas, porcos e macacos, para a realização de pesquisas. Consultado pela reportagem na época, o USDA se recusou a confirmar ou negar a informação.
Já a concorrente Synchron matou cerca de 80 ovelhas como parte de sua pesquisa, segundo documentos vistos pela Reuters.