Poucos meses bastaram para o ChatGPT conquistar públicos com conhecimentos em plataformas de inteligência artificial (IA) e usuários que usam a internet para acessar conteúdos pessoais. A tecnologia lançada em novembro de 2022 tem se destacado por criar diálogos similares aos de uma pessoa e pela capacidade de responder perguntas sobre diversos assuntos, de forma rápida e em diferentes níveis de complexidade.
Mesmo em período de testes, o robô já é recurso usado por brasileiros que descobriram suas habilidades. Aos poucos, o ChatGPT tem entrado no dia a dia de Victor Alencar, 27 anos, desenvolvedor de software e músico profissional. Ambas ocupações fazem com que ele tenha de buscar informações na internet. O morador de São Paulo (SP) destaca que a capacidade de obter respostas detalhadas, mesmo em situações complexas, tem sido o maior atrativo do ChatGPT até o momento.
— Faço alguns trabalhos de programação e já me deparei com erros que eu não entendia, por que uma determinada instrução não funcionava. Então, expliquei o cenário para o ChatGPT e, além de me dar a resposta correta com o código, ele me deu uma explicação muito técnica do porquê não funcionou. É uma coisa bem aprofundada que ele faz — diz.
Resposta rápida
Victor relata que, antes do ChatGPT, era comum demorar um ou dois dias em fóruns da internet em busca de soluções para problema de trabalho. Por isso, para testar a IA, perguntou tópicos que haviam sido custosos para o jovem descobrir em páginas acessadas no Google, anos antes.
— Perguntei sobre esse mesmo cenário, e em dois minutos eu tinha uma resposta detalhada, com exemplos — resume.
Google x ChatGPT
Ainda que seja usuário do ChatGPT, Victor diz que utiliza mais o Google. Isso ocorre porque a nova tecnologia tem um banco de dados atualizado até 2021, ou seja, eventos ocorridos a partir de 2022 não fazem parte das respostas. Já o Google informa o usuário em tempo real e é também de acesso mais rápido, sem precisar de um cadastro, algo que é exigido no chatbot. Além disso, o programador diz optar pelo Google em determinados assuntos pela confiabilidade do sistema.
— Há uma certa margem de erro na plataforma (ChatGPT). Então assuntos que têm uma dependência mais estrita de checagem de fatos, como política e fatos históricos, na minha visão, é mais confiável de se pesquisar no Google, que dispõe de um serviço de fact-checking. O ChatGPT já errou algumas vezes nesse tipo de assunto comigo — comenta.
Cantadas para esposa
Wesley Ferreira Lopes Siqueira, 24 anos, também tem usado o ChatGPT como ferramenta no desenvolvimento de sites. O empresário, morador de Tangará da Serra (MT), relata ter começado a mexer no chatbot nas últimas semanas: desde então, prioriza a aplicação em assuntos do trabalho, para desenvolver códigos e na criação de textos para sites de clientes.
— Logo notei o potencial e me transformei em um "discípulo de ChatGPT", como meus amigos dizem. O que mais gosto do chat é sua inteligência: é capaz de, em alguns casos, entender até aquilo que duvidamos. Ele é capaz de otimizar muito a performance dos profissionais — diz.
Wesley conta que usa mais o ChatGPT do que o Google durante buscas na internet. Além do trabalho, tem aos poucos utilizado a plataforma em pesquisas sobre assuntos de interesse pessoal e que vê no dispositivo até um ambiente para estudo. Ao ser questionado sobre o que pesquisa além de assuntos profissionais, o empresário cita diversos assuntos:
— Uso para pedir resumo de livro, fazer texto de convite para aniversário, cantadas para a minha esposa, histórias para não ter lavado a louça, histórias para minha mãe. Sou bem humorado — conta, entre risos.
Desconfiança
A relação de Marina Pozzi, 25 anos, com o ChatGPT começou no Youtube: ela pesquisava sobre ideias de textos para clientes no fim de dezembro de 2022. Redatora freelancer do Rio de Janeiro (RJ), ela cria conteúdos para sites de empresas especializadas em saúde e bem-estar há cinco anos.
Durante buscas no site, viu um vídeo que lhe chamou atenção: falava do ChatGPT como se fosse a “maior invenção humana”, nas palavras dela. Assistiu a dois minutos do material e desistiu:
— Na hora, eu achei uma bobagem, exagero. Sempre tem coisas assim na internet, que falam que é revolucionário, inovador. Não me convenceu naquele momento.
A jovem, então, fechou o vídeo e esqueceu do assunto durante alguns dias, quando, no início de janeiro, um amigo lhe enviou o mesmo material com os seguintes dizeres: “Conhece? Testei e tô apavorado”. Por confiar no conhecido, deu uma segunda chance ao ChatGPT, descobriu em poucos minutos como lidar com a plataforma. Semanas depois, ele é um dos primeiros sites a abrir quando liga o computador no início do dia:
— Realmente é muito bom, ajuda no trabalho, nas pesquisas pessoais. Tenho o hábito de procurar assuntos aleatórios, como música, religião, esporte, piadas. Gosto bastante da tradução que ele faz, tem para muitos idiomas, com uma qualidade melhor que o (Google) Tradutor. Então, quando tenho tempo, fico conversando no chat até cansar. Hoje uso mais para isso mesmo do que trabalhar.