A Lua tem mais uma cratera. Uma seção de um foguete que estava vagando há muitos anos pelo espaço se chocou contra a sua superfície na última sexta-feira (4). Segundo especialistas, como não foi possível fazer uma observação direta do evento, será preciso paciência para verificá-lo através de imagens.
O impacto aconteceu às 9h25min de Brasília na face oculta da Lua, segundo o astrônomo Bill Gray, o primeiro a identificar que a colisão se aproximava do satélite natural da Terra.
O objeto cilíndrico se deslocava a mais de 9 mil km/h e é provável que tenha causado uma cratera "de dez a 20 metros de diâmetro", disse Bill Gray, afirmando:
– Tínhamos muitos dados sobre este objeto.
Sua trajetória tinha sido calculada através de observações realizadas por telescópios na Terra.
A identificação do foguete em questão foi objeto de debate porque ninguém se ocupa oficialmente de registrar e monitorar os destroços de objetos no espaço profundo.
Gray, criador do software utilizado pelos programas de observação financiados pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), os monitora para que não sejam confundidos com asteroides e, assim, não se perca tempo estudando-os inutilmente.
Inicialmente, pensava-se que os destroços eram de um foguete da SpaceX. No entanto, por fim chegou-se à conclusão de que se tratava de uma nave chinesa, concretamente um estágio do foguete Longa Marcha, que decolou em 2014 para uma missão chamada Chang'e 5-T1, como parte do programa de exploração lunar do país asiático.
Pequim, por outro lado, negou essa informação e garantiu que a seção de seu foguete tinha "entrado sem perigo na atmosfera terrestre" e foi "incinerada por completo". No entanto, segundo Gray, a China confundiu duas missões com nomes similares e, na realidade, estava falando de um foguete lançado bem depois.
De qualquer maneira, a cratera só poderá ser observada através da sonda LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) da Nasa ou pela indiana Chandrayaan-2, ambas em órbita ao redor do satélite natural da Terra. Segundo Gray, as duas sondas podem observar toda a região lunar uma vez por mês.
A Nasa confirmou, em janeiro, que queria encontrar a cratera, mas advertiu que a operação poderia levar "semanas".
Não é incomum que as seções dos foguetes fiquem abandonadas no cosmos, mas esta é a primeira vez que se identifica uma colisão não intencional com a Lua. No passado, partes de foguetes foram lançadas contra o astro com fins científicos.