A Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) divulgou recentemente imagens de um aglomerado de cristais tridimensionais encontrado em Marte que tem formato parecido com o de uma flor. O registro foi feito pelo rover planetário Curiosity.
Os cientistas batizaram o conjunto de cristais de Blackthorn Salt (Sal de Pinheiro, em tradução livre). Segundo as pesquisas, o material encontrado é constituído de estruturas de minerais precipitantes na água.
Como Marte não tem, atualmente, água em seu solo, seria praticamente impossível encontrar no planeta flores semelhantes às da Terra.
No Twitter, Abigail Fraeman, uma das cientistas da missão Curiosity, falou sobre os cristais e revelou que essa não é a primeira vez que localizam um material como esse. "Já vimos estruturas como essas antes, com destaque para Pahrump Hills. Lá, as feições eram feitas de sais, chamados sulfatos", relembrou.
De acordo com a Nasa, o afloramento Pahrump Hills foi encontrado na base do Monte Sharp — espécie de montanha no centro da cratera Gale, em Marte.
Como o registro foi feito
O processo fotográfico se baseia em um processo de focagem a bordo, que consiste na mesclagem de duas a oito imagens. Cada mesclagem de foco produz três tipos de registros fotográficos, um colorido, outro com melhor foco e o último em preto em branco (usado pelos cientistas para estimar a posição de foco para cada elemento).
Com a fusão do foco, é possível fazer uma composição de imagens do mesmo alvo adquiridas em diferentes posições de foco. Outro benefício é que esse método reduz o número de imagens enviadas de volta à Terra.
Para capturar detalhes da estrutura encontrada recentemente em Marte, a equipe de pesquisadores teve que utilizar o sensor Mars Hand Lens Imager (Mahli) do robô. Além disso, para conseguir registrar os minerais e as texturas nas superfícies das rochas, foi necessário a aplicação de um plano fotográfico bem próximo dos elementos — conhecido como "close-up".
A câmera do equipamento conta com uma lente de aumento e tem uma qualidade próxima a tecnologias usadas geralmente por geólogos em trabalhos de campo.
Outras descobertas
Logo após a descoberta do Pahrump Hills, os cientistas realizaram estudos sobre a estrutura encontrada e chegaram à conclusão de que o material estava "colado" em uma rocha e, com o passar do tempo, sofreu um processo de erosão. Apesar disso, os aglomerados minerais não erodiram, o que explica a estrutura em formato de flor.
Em 2013, o Curiosity encontrou outro material com aspecto semelhante ao de uma flor. No mesmo ano, o rover Spirit identificou rochas com o mesmo formato. A estrutura ganhou o nome de couve-flor, devido à aparência formada de projeções deformadas.
Em junho de 2004, o rover Opportunity encontrou as mesmas estruturas localizadas anteriormente pelo Curiosity. Na época, os pesquisadores deram o nome de mirtilos, devido ao tamanho e formato arredondado. A descoberta foi publicada na revista científica Nature.