Novas observações espaciais indicam que no dia 4 de março poderá acontecer uma colisão de destroços do foguete chinês Long March 3C com a Lua. Esta informação vai na contramão do que foi informado anteriormente pelos cientistas, que haviam dito que o impacto seria com os restos de um foguete da Falcon 9, da SpaceX, que fazia parte de uma missão de 2015 que tinha como objetivo lançar o satélite DSCOVR ao espaço.
O pesquisador independente Bill Gray, astrônomo que divulgou no final de janeiro deste ano a suposta colisão dos destroços do Falcon 9 com a Lua, publicou no site Projetc Pluto, no sábado (12), um pedido de desculpas à empresa do bilionário Elon Musk pelo erro. Na época, a SpaceX havia sido alvo de críticas nas redes sociais e foi acusada de gerar lixo espacial sem ter controle do processo.
A China também estava preocupada com a notícia da colisão do foguete da empresa de Musk, pois há um rover chinês na superfície da Lua. Se o objeto fosse atingido, os Estados Unidos poderiam ser responsabilizados pelos danos por meio de um processo.
O engenheiro Jon Giorgini, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, em inglês) da Nasa foi quem percebeu o erro. Ele enviou um e-mail para Gray na manhã de sábado informando que a trajetória de partes do veículo espacial da SpaceX não passavam nem perto da Lua, e que, portanto, seria improvável acontecer uma colisão. A partir disso, Bill teve que buscar outras possibilidades de objetos espaciais que pudessem atingir o satélite natural da Terra.
Com a realização de novos cálculos, Gray chegou a conclusão de que a Lua seria atingida por destroços do foguete Long March 3C lançado em outubro de 2014 que fazia parte da missão espacial chinesa Chang'e 5-T1.
"Pensei que eram ou restos da missão DSCOVR ou alguns pedaços de dispositivos associados a ela. Dados adicionais confirmaram que sim, o objeto WE0913A (como eram chamados os restos da Falcon 9) passaram pela Lua dois dias após o lançamento da DSCOVR", explicou Bill no comunicado.
De acordo com Bill, para não acontecer enganos como este novamente seria preciso haver maior transparência sobre os propulsores de foguete que ficam no espaço. O pesquisador acredita que é preciso criar uma forma de monitorar e identificar facilmente e com precisão as partes dos foguetes, pois do jeito que vem sendo feito é necessário fazer um "trabalho de detetive" para descobrir qual objeto está vagando.
Missão espacial chinesa
A Chang'e 5-T1, lançada em 23 de outubro de 2014, é considerada como uma missão chinesa experimental da Administração Espacial Nacional da China (CNSA). O lançamento aconteceu por meio de um foguete a partir do Centro Espacial de Xichang.
O projeto tinha como objetivo realizar testes da cápsula de reentrada e outras tecnologias importantes para garantir a realização da missão de exploração lunar Chang'e 5, que estava prevista para 2017, mas acabou sendo realizada em 1º de dezembro 2020.
Com os testes, a cápsula de reentrada acabou atravessando 840 mil quilômetros durante um trajeto de oito dias. O veículo espacial retornou à Terra e aterrissou com sucesso em Bandeira de Siziwang, na Mongólia Interior (China).