A sonda Parker Solar Probe, da Nasa, registrou as primeiras imagens com luz visível da superfície de Vênus durante dois sobrevoos realizados no planeta. Os resultados foram compartilhados nas redes sociais da agência espacial norte-americana nesta quarta-feira (9).
Durante os sobrevoos, a sonda apontou o instrumento Wide-Field Imager (WISPR) para observar o lado noturno do planeta a partir da aplicação de luz visível. Com as imagens, os pesquisadores conseguirão obter informações sobre a superfície de Vênus — como detalhes de regiões continentais, planícies e planaltos —e entenderão como o planeta se tornou quente e hostil à vida. Também será possível compreender a geologia da superfície a partir da existência de minerais presentes nela.
O objetivo inicial do projeto era apenas medir a velocidade das nuvens, mas o WISPR acabou fornecendo detalhes importantes para futuras pesquisas. Nas novas imagens divulgadas, é possível perceber a região continental do planeta, a Aphrodite Terra, o planalto Tellus Regio e as planícies Aino Planitia.
Os cientistas esperam ,a partir destes novos dados, conseguir pistas sobre a evolução do planeta. Vênus se formou na mesma época que a Terra e Marte, mas, apesar disso, é bem diferente dos dois. A suspeita é de que a atividade vulcânica tenha sido a responsável por criar a espessa atmosfera do planeta e isso o diferenciou dos demais.
No Twitter, a Nasa divulgou um vídeo com imagens obtidas pela sonda e entrevistas com especialistas envolvidos no projeto. "Em seu caminho para tocar o Sol, nossa Parker Solar Probe captou as primeiras imagens de luz visível da superfície de Vênus do espaço! Ver o brilho fraco das planícies e planaltos pode nos dar pistas sobre como o "gêmeo da Terra" se tornou inóspito", diz a legenda.
A captação de imagens de Vênus é um grande obstáculo para os pesquisadores porque o planeta tem uma espessa atmosfera que bloqueia a maior parte da luz visível que reflete em sua superfície. Somente as ondas visíveis mais longas — como as ondas infravermelhas — conseguem ultrapassá-la. No entanto, no lado diurno, esse tipo de luz é bloqueado pelo intenso calor.
Na década de 1990, a missão Magellan, da Nasa, forneceu os primeiros mapas de Vênus. Além disso, já foram realizadas missões de sobrevoo ao planeta que revelaram sua superfície. Para isso, foi necessário o uso de instrumentos de radar e infravermelho. Anteriormente, o WISPR havia registrado um anel de poeira deixado pelo planeta em sua órbita e o instrumento Fields da sonda realizou medições em ondas de rádio para entender como o ciclo de atividade do Sol afeta a atmosfera superior de Vênus.
A previsão é de que até novembro de 2024 a sonda realize mais cinco sobrevoos. Após esse período, ela seguirá para seu destino, no Sol. Apesar disso, outras missões para estudar Vênus estão sendo planejadas, como DaVinci e Veritas, ambas da Nasa, e a EnVision, da Agência Espacial Europeia (ESA). As três deverão acontecer até o final desta década.