O Chile apresentou na segunda-feira (19) o "Arackar licanantay", espécie até então desconhecida de dinossauro encontrada no deserto do Atacama, no norte, o terceiro "não aviário" descoberto no país.
Este espécime, uma espécie de titanossauro - semelhante em forma ao "Diplodocus" - com cerca de 6,3 metros de comprimento, faz parte da família dos "saurópodes, herbívoros de pescoço comprido, cauda longa, com extremidades que pareciam colunas", explicou em entrevista coletiva David Rubilar, chefe do setor de Paleontologia do Museu Nacional de História Natural.
Os restos mortais foram encontrados na década de 1990 pelo geólogo chileno Carlos Arévalo, que recuperou algumas partes de um fêmur, um úmero, o ísquio e elementos vertebrais do pescoço e do dorso.
Rubilar ressaltou durante a apresentação que essa nova espécie viveu na área que hoje corresponde à região de Copiapó, cerca de 600 km ao norte de Santiago, no período final do Cretáceo, entre 66 e 80 milhões de anos atrás.
— No período Cretáceo, prosperou um novo grupo desses dinossauros, conhecidos como titanossauros. Esse espécime pertencia aos titanossauros, que eram herbívoros. Havia pequenos, como era o caso do "Arackar licanantay", com entre seis e oito metros de altura, mas também havia gigantes com mais de 30 metros — explicou o cientista.
As dimensões dos ossos encontrados sugerem, segundo os cientistas, que o espécime encontrado desta nova espécie é um "subadulto".
"Muito valioso"
O especialista afirmou que esse tipo de dinossauro é mais frequentemente encontrado do outro lado da Cordilheira dos Andes, no Brasil ou na Argentina, razão pela qual o achado no Chile é "muito valioso".
Rubilar fez parte das missões que entre os anos 2006 e 2011 percorreram o deserto do Atacama, o mais seco do mundo e situado a mais de 3 mil metros de altitude, para verificar e obter mais amostras ósseas do "Arackar licanantay" - sem sucesso, embora tenham encontrado restos de outro dinossauro que ainda não conseguiram classificar.
Além dos restos, também obtiveram informações sobre a área no período Cretáceo, onde existia então um lago e o clima era úmido e muito quente, em torno de 24 graus Celsius, semelhante ao atual.
A vegetação da zona, que hoje é praticamente um deserto árido de rochas e areia, caracterizava-se pela presença de algumas famílias de plantas com flores, como lauraceae, e coníferas, como araucária e podocarpo, além de samambaias.
— Antes da extinção desses dinossauros há 66 milhões de anos, a maioria dos titanossauros registrava uma diminuição no tamanho do corpo, coincidindo com as mudanças ambientais — explicou o pesquisador argentino Bernardo González, que destacou a importância da América do Sul para essas espécies de titanossauros, das quais se conhecem cerca de 80 em todo o mundo, incluindo 55 do continente sul-americano.