Após ter sua saída adiada por duas vezes, o NanoSatC-Br2, nanossatélite brasileiro desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), foi colocado em órbita na madrugada desta segunda-feira (22). O lançamento ocorreu às 3h07min, no Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, a partir do foguete russo Soyuz-2.
O NanoSatC-Br2 tem o formato de um paralelepípedo, com 22cm de comprimento, 10cm de largura e 10cm de altura. Ele pesa apenas 1,7kg e foi desenvolvido por pesquisadores da UFSM em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), instituições ligadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O nanossatélite foi lançado na chamada órbita baixa terrestre, a cerca de 600km da superfície do planeta. O objetivo é estudar e monitorar, em tempo real, distúrbios observados na magnetosfera, a intensidade do campo geomagnético e a precipitação de partículas energéticas sobre o território brasileiro.
Veja o lançamento a partir do minuto 51 do vídeo:
Na prática, segundo o coordenador do projeto, Nelson Schuch, o nanossatélite vai monitorar as influências de partículas magnéticas emitidas pelo Sol sobre o território brasileiro. Isso porque a área do Atlântico Sul, onde está o Brasil, tem seu campo magnético mais frágil em relação a outras partes do Planeta.
O NanoSatC-BR2 estava previsto para ser lançado inicialmente no sábado (20), mas teve sua saída adiada e reprogramada por duas vezes devido uma falha técnica nos testes do foguete russo Soyuz-2. Segundo a agência de notícias AFP, o chefe da Agência Espacial Russa disse que o adiamento foi devido a uma "sobretensão" detectada antes do lançamento.
Além do NanoSatC-BR2, outros 36 satélites de 18 países foram colocados em órbita pela Roscosmos, que tem sua estação no Cazaquistão. O custo estimado do nanossatélite brasileiro é de cerca de R$ 3 milhões.
O primeiro
O primeiro nanossatélite brasileiro, também desenvolvido pela UFSM e pelo Inpe, vai completar sete anos no espaço em junho de 2021. O NanoSatC-BR1 foi lançado em 2014 na base Yany, na Rússia, e permanece em operação.
O NanoSatC-BR3 já está em desenvolvimento, mas ainda sem data prevista para lançamento. Ainda não se iniciou, mas há previsão de que será colocado em órbita também o NanoSatC-BR4.
– Esse projeto tem continuidade, eles (nanossatélites) são em pares, um que chamamos de modelo de voo e outro de engenharia. Por isso precisamos ter um em órbita e outro em solo, para fazer certos testes e encaminhar comandos para o que está no espaço. E depois, eles se transformam em modelos, que se transformarão no BR3 e no BR4 – explica Schuch.
Além da pesquisa, o programa é voltado para a integração e formação de professores universitários, alunos de graduação e pós-graduação, pesquisadores e tecnologistas em projetos de pesquisa espacial e áreas afins, como o desenvolvimento de engenharias, tecnologias espaciais, ciências da computação e espaciais, promovendo a preparação de uma nova geração de profissionais e pesquisadores sobre o assunto.