Em pesquisas recentes, a Nasa percebeu que um ponto específico do campo magnético da Terra, que é mais fraco quando comparado com os demais, tem aumentado de tamanho e se dividiu em duas esferas. Isso não significa o fim do mundo, mas o fenômeno, que é batizado de Anomalia do Atlântico Sul, pode causar curto-circuito em satélites e espaçonaves, ao deixar as regiões da América do Sul e o sul do Oceano Atlântico mais expostas às partículas energéticas emitidas pelo sol.
O campo magnético, além de guiar as bússolas, tem a importante missão de agir como uma capa de proteção sobre a Terra para que ela não seja bombardeada pelas partículas energéticas emitidas pelo Sol, explica Luiz Augusto da Silva, físico e astrônomo:
— O campo magnético da Terra protege a superfície terrestre. Nos pontos em que a força deste campo é menor, como é o caso da América do Sul, as partículas do sol incidem e atuam com mais facilidade. Isso deixa os satélites e espaçonaves mais sujeitos a curtos-circuitos e a energia vinda do sol pode provocar mutações nas células de seres humanos.
Tente visualizar a seguinte imagem: o nosso planeta é cercado por uma grande gaiola e as grades dela são o campo magnético. A anomalia acontece quando essas barras de ferro são afastadas uma das outras. É, justamente, neste ponto, onde elas já não estão próximas como deveriam, é que o magnetismo fica mais fraco. Com essa capa de proteção enfraquecida, sistemas de comunicação e navegação por satélite, como GPS, podem deixar de funcionar.
Ele ressalta que a descoberta deste ponto fraco do campo magnético não é recente, ela foi descoberta no ano de 1958 e desde então vem sendo acompanhada pelos cientistas do mundo todo. A novidade, desta vez, é que seu crescimento – que antes era para norte e leste – se expandiu em direção a oeste.
Como se forma?
A anomalia é resultado de duas variáveis que ocorrem no centro da Terra, a inclinação do eixo magnético e o fluxo de metais em seu núcleo, que, a uma alta temperatura e sob pressão, resultam em corrente elétrica. A corrente gera o campo magnético, que em função da sua natureza, muda ao longo dos anos, diz Silva.
— Isso resulta na Anomalia do Atlântico Sul, que nada mais é do que a região onde o campo magnético tem intensidade inferior ao valor médio. As alterações medidas pela Nasa, de ampliação deste ponto fraco, estão dentro da normalidade, porque o campo tem um comportamento muito dinâmico, só temos que ficar atento se isso não vai se intensificar ainda mais a ponto de se tornar um risco para a vida humana — pontua.