A madrugada de sábado (20) será mais um marco para a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) na área de ciência e tecnologia voltada para pesquisas espaciais. Às 3h07min, será lançado no Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, a partir do foguete russo Soyuz-2, o segundo nanossatélite brasileiro, o NanoSatC-Br2.
O objeto tem o formato de um paralelepípedo, com 22cm de comprimento, 10cm de largura e 10cm de altura. Ele pesa apenas 1,7kg e foi desenvolvido por pesquisadores da UFSM em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), instituições ligadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O nanossatélite vai ser lançado na chamada órbita baixa terrestre, a cerca de 600km da superfície do planeta. O objetivo é estudar e monitorar, em tempo real, distúrbios observados na magnetosfera, a intensidade do campo geomagnético e a precipitação de partículas energéticas sobre o território brasileiro.
O pesquisador e diretor da Coordenação Especial do Sul (Coesu) do Inpe, Nelson Schuch, que é coordenador geral do Programa NanosatC-BR, explica o que isso significa na prática:
– São vários objetivos, tanto científicos quanto tecnológicos. A gente consegue medir, por exemplo, a intensidade da precipitação de partículas em razão do clima espacial, das influências do Sol no nosso planeta, que prejudica toda a nossa humanidade. As comunicações, por exemplo, que podem ser prejudicadas caso haja um distúrbio muito forte do Sol – detalha.
O objeto demora cerca de 1h30min para dar uma volta completa na órbita da Terra. A previsão é que já às 8h de sábado ele passe pela primeira vez em uma das estações de rastreio, que fica sobre o prédio da Coesu, no campus da UFSM. Apesar de passar por esse ponto mais de 10 vezes por dia, apenas em uma delas as informações são captadas, já que os sinais são transmitidos por ondas de rádio e em apenas uma oportunidade esse sinal é de melhor qualidade.
Transmissão
A partir de 0h10min, haverá transmissão ao vivo do Cazaquistão para mostrar o lançamento do foguete com o nanossatélite. Tudo pode ser acompanhado pelo player abaixo ou pelo canal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação pelo YouTube.
Antes do lançamento, especialistas e envolvidos no desenvolvimento do NanoSatC-Br2 vão dar explicações sobre o projeto. Entre eles, os professores da UFSM que estão na base da Agência Especial Russa, a Roscosmos, para acompanhar a ação: Andrei Piccinini Legg, do curso de Engenharia de Telecomunicações e coordenador do projeto de lançamento, e Eduardo Escobar Bürger, do curso de Engenharia Aeroespacial e coordenador local de Engenharias do Programa Nanosatc-BR.
O primeiro
O primeiro nanossatélite brasileiro, também desenvolvido pela UFSM e pelo Inpe, vai completar sete anos no espaço em junho de 2021. O NanoSatC-BR1 foi lançado em 2014 na base Yany, na Rússia, e permanece em operação.
O NanoSatC-BR3 já está em desenvolvimento, mas ainda sem data prevista para lançamento. Ainda não se iniciou, mas há previsão de que será colocado em órbita também o NanoSatC-BR4.
– Esse projeto tem continuidade, eles (nanossatélites) são em pares, um que chamamos de modelo de voo e outro de engenharia. Por isso precisamos ter um em órbita e outro em solo, para fazer certos testes e encaminhar comandos para o que está no espaço. E depois, eles se transformam em modelos, que se transformarão no BR3 e no BR4 – explica Schuch.
Além da pesquisa, o programa é voltado para a integração e formação de professores universitários, alunos de graduação e pós-graduação, pesquisadores e tecnologistas em projetos de pesquisa espacial e áreas afins, como o desenvolvimento de engenharias, tecnologias espaciais, ciências da computação e espaciais, promovendo a preparação de uma nova geração de profissionais e pesquisadores sobre o assunto.