A Academia Real de Ciências da Suécia anunciou, nesta quarta-feira (7), as ganhadoras do Prêmio Nobel de Química em 2020: Emmanuelle Charpentier, 51 anos, e Jennifer A. Doudna, 56 anos. As duas foram escolhidas pelo desenvolvimento do Crispr, método de edição do genoma. Além do significativo avanço para a ciência, essa é uma conquista histórica, porque, pela primeira vez, o reconhecimento é dividido entre duas mulheres.
As vencedoras compartilharão o valor de 10 milhões de coroas suecas, cerca de R$ 6,3 milhões. Apenas cinco mulheres haviam vencido o Nobel de Química desde 1901, contra 183 homens: Marie Curie, em 1911, sua filha Irène Joliot-Curie, em 1935, Dorothy Crowfoot Hodgkin, em 1964, Ada Yonath, em 2009, e Frances Arnold, em 2018.
A francesa Emmanuelle e a americana Jennifer desenvolveram um método Crispr. Nele é possível modificar um gene com problema com o objetivo de reescrever o DNA de maneira correta. Seu grande ganho está nesta facilidade em permitir aos cientistas "cortar" o DNA exatamente onde desejam, para, por exemplo, corrigir uma mutação genética e curar uma doença rara, abordagem diferente da terapia genética, que consiste em introduzir um gene normal nas células que têm um gene com problemas.
Foi esse viés objetivo que chamou a atenção do júri. Por meio de nota, foi ressaltado que "a possibilidade de cortar DNA onde você quiser revolucionou as ciências moleculares. Apenas a imaginação estabelece os limites do uso desta ferramenta".
As duas geneticistas já receberam vários outros prêmios pela pesquisa: Breakthrough Prize, em 2015, Princesa das Astúrias na Espanha, em 2015, e Kavli de nanociências na Noruega, em 2018.
Para William Kaelin, que venceu o Nobel de Medicina no ano passado, essa descoberta genética é uma das maiores da década.
Na segunda-feira (5), os americanos Harvey Alter e Charles Rice e o britânico Michael Houghton ganharam o Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta do vírus da hepatite C. Já na terça (6), Roger Penrose, Reinhard Genzel, e Andrea Ghez venceram a láurea de Física por descobertas sobre buracos negros.
Os prêmios de Literatura e da Paz serão divulgados nesta semana, e, por fim, o de Economia será anunciado na próxima segunda-feira (12).