Fundador do Easy Taxi, o maior aplicativo de táxi do mundo, que lhe rendeu uma série de reconhecimentos internacionais, o mineiro Tallis Gomes, 31 anos, agora, foca sua carreira no Singu. Lançado há três anos, o aplicativo desenvolvido e gerenciado por ele é considerado o principal aplicativo de serviços de beleza e bem-estar do Brasil – embora ainda esteja restrito a Rio e São Paulo.
O autor de Nada Easy, best-seller na categoria negócios, será o primeiro palestrante do Insight, principal evento de inovação da Semana Global do Empreendedorismo no Rio Grande do Sul e, a GaúchaZH, revelou alguns segredos que vai compartilhar com o público.
Aos 31 anos, você tem uma trajetória marcada por empreendimentos bem-sucedidos e premiações. Tem algum segredo?
Vou te decepcionar, porque não teve segredo. O que eu fiz foi trabalhar duro. Mais duro do que a grande maioria. Eu também tive sorte no meio do caminho, achei gente competente suficiente para trabalhar duro junto comigo. Sempre digo que não existe bala de prata. Você tem que trabalhar duro, ser resiliente, não desistir quando enfrentar problemas e, obviamente, se quiser chegar em um lugar onde a maioria das pessoas não chega, você tem que fazer o que a grande maioria não faz.
Você está se dedicando agora ao Singu. Como chegou na ideia desse aplicativo e por que está dando certo?
Quando a gente vendeu o Easy Taxi, lá em 2015, eu e meu sócio começamos a pensar qual seria o próximo passo. A gente queria ficar no marketplace de serviços (modelo de negócios conhecido como uma espécie de shopping center virtual, que reúne várias lojas no mesmo local). Quando olhei qual seria o melhor mercado, achei o de beleza. E eu lembrava um pouco de como funciona, porque minha mãe é cabeleireira. Ela reclamava que trabalhava muito e ganhava pouco. Então, resolvi pegar esse mercado gigante, que é muito maior do que de transporte, e para o qual ninguém estava olhando ainda.
Atualmente, o app funciona apenas em São Paulo e no Rio. Vocês já pensam em expandir?
Por ora, não. A gente está bem focado, por causa da concentração. Rio e São Paulo são responsáveis por um quarto desse mercado, então, é muito dinheiro que tem aqui. Diferentemente do que a gente vez com o Easy Taxi, que foi expandir pra caramba, com muita necessidade de capital, a gente está fazendo o jogo inverso agora, concentrando nos mercados que realmente importam, para ganhar esses mercados de verdade e, depois, pensar em expansão. Provavelmente, a gente vai começar a expandir no que vem, mas ainda é cedo para falar.
A sua palestra no Insight tem o título Bebendo da fonte: como crescer de forma exponencial e consistente. Pode adiantar um pouco do que vai tratar?
Basicamente, vou falar sobre os tópicos do meu livro. Nele, a história da criação e expansão do Easy é o pano de fundo. Mas o livro não é de história, é sobre ferramentas técnicas. Vamos falar sobre como se tira uma ideia do papel. Uma vez que conseguiu, como se constrói um protótipo daquele produto e testa a ideia antes de gastar muito tempo e dinheiro. Como que a gente lança. Como que monta um time de negócios e traz profissionais mesmo quando não tem dinheiro. E, quando está crescendo, como que a gente escala esse negócio, conquista clientes, constrói cultura e, principalmente, vai falar muito sobre gestão e quais são os preceitos básicos para ser um CEO de sucesso.
Recentemente, você disse em um artigo que "existe uma boa chance da sua empresa morrer em apenas 10 anos". Por quê?
Foi escrito com base num livro do professor Salim Ismail, o Exponential Organizations. Ele fez um estudo que aponta que, no meio da década de 1980, o diferencial competitivo durava em média 30 anos. Hoje em dia, dura no máximo cinco anos. Não importa num negócio se é muito empreendedor, em cinco anos, alguém vai disputar o seu modelo de negócio. Então, a capacidade de reinvenção está muito ligada à de sobrevivência também, de adaptação. Um paralelo com Charles Darwin, de que quem sobrevive não é o mais forte ou mais rápido e, sim, aquele que consegue se adaptar às mudanças. Eu acho que o mercado passa por esse momento agora, de mudanças exponenciais, tudo muito rápido. E, se uma empresa não criar uma cultura de reinvenção e renovação, provavelmente , tende a sucumbir nos próximos 10 anos, porque vai passar por dois momentos de disrupção. No primeiro, talvez ela sobreviva, mas dificilmente ao segundo.
Nesse sentido, eventos de empreendedorismo e inovação são importantes, certo?
Sem a menor sombra de dúvidas. Eles servem para isso, para dar fagulha na cabeça do empreendedor. Também para mostrar que existem ferramentas que pode usar para se prevenir. E mostrar ao empreender que já tem seu negócio há muito tempo que ele tem de se reinventar, porque a máxima de "não se mexe em time que está ganhando" não existe mais. É um erro muito grande. O dever do CEO, como eu falo no livro, é construir um negócio que vai matar o seu próprio negócio num determinado período. Tem que estar constantemente pensando "como é que eu mato meu próprio negócio". Se a gente fizer isso, provavelmente, previne que alguém faça pela gente.
Para quem não é empreendedor, o que um evento como esse pode trazer de relevante?
Eu acho tão interessante quanto, se não mais, para quem não é dono. Eventualmente, quem vai nesses eventos já pensou um dia em montar seu próprio negócio e você tem a oportunidade de ouvir de referências em suas áreas sobre o que deu certo na caminhada deles. Quais são as ferramentas que utilizam. E mesmo que a pessoa ainda não empreenda, ela pode pegar essas ferramentas e aplicar no seu dia a dia. Fala-se muito da figura do intraempreendedor, aquele que empreende dentro da empresa onde trabalha, que quer criar projetos e trazer novas discussões para a mesa. Esse, geralmente, é aquele funcionário que vai se destacar na organização, que vai subir na carreira corporativa e que, a posteriori, vai abrir seu próprio negócio com grande aval de seus líderes anteriores e que podem até se transformar em investidores da iniciativa. Isso também será muito abordado na palestra.
Programe-se
- O que: Insight – Conexões para a Sua Transformação, parte da Semana Global do Empreendedorismo
- Quando: dias 12 e 13 de novembro
- Onde: no Centro de Eventos do Parkshopping Canoas
- Quanto: R$ 250 para os dois dias de evento
Descontos:
- Sócios do Clube do Assinante têm desconto de 30% na inscrição.
- Até dia 11, há descontos de 10% a 50% no site blackweeksebrae.com.br - Mais informações: insight.sebraers.com.br