ATUALIZAÇÃO: logo após a publicação desta entrevista, Marcos Pontes foi confirmado por Jair Bolsonaro para o Ministério de Ciência e Tecnologia.
Ainda sem data marcada para conversar com Jair Bolsonaro, Marcos Pontes, nome mais cotado para comandar o Ministério de Ciência e Tecnologia, se diz pronto para assumir o cargo. Em tratativas com o presidente eleito desde o começo do ano, Pontes afirma que faltam apenas alguns detalhes para ter o nome confirmado à frente da pasta.
– Ele me convidou em março e, depois disso, conversamos ao longo do tempo. Agora, nessa fase, o que está faltando é mais o lado dele. Mas ele deve estar buscando nomes para os outros ministérios – especula.
– Do meu lado está tudo certo. Havia a possibilidade de me candidatar como deputado federal ou senador, mas não fiz isso por que achei que seria incoerente participar da disputa e depois sair para o ministério – completa.
Com um discurso que sempre enfatiza a importância da educação e a inclusão da ciência e tecnologia desde cedo nas escolas, Pontes se diz triste com a "perda dos cérebros" brasileiros e garante que seus esforços serão para desenvolver o país nessa área.
– Fico triste. Sou obcecado por educação. Ela é a base. Pretendo ampliar muito a questão da divulgação científica e a participação da ciência e tecnologia nos ensinos Fundamental e Médio. Quero promover, em parceria com o ministério da Educação, a formação técnica no Brasil. Tecnologia faz uma diferença enorme. É um setor estratégico que tem sido relegado a segundo plano. É preciso ver a ciência no dia a dia das pessoas: na saúde, na segurança, na agricultura. Tendo o ministério para ajudar nesse sentido, juntou a fome com a vontade de comer. Quero motivar mais e mais jovens para serem cientistas.
Em um ano marcado pelas ameaças de limitações dos investimentos em pesquisa, decorrentes dos cortes no orçamento, Pontes não perde a empolgação com seus projetos. Acredita que,apesar da verba curta e do contingenciamento do dinheiro que atravancam o setor, é possível resolver os problemas:
– O sistema tem que trabalhar de forma sincronizada para resolver os problemas. Orçamento é um dos problemas evidentes em relação ao ministério, mas se olhar as respostas do Bolsonaro, dá para ver que ele deu um aceno positivo ao aumento de verbas com a meta de 2%. Eu coloquei que devemos expandir a meta para 3%, que fica mais paralelo com países com os quais a gente quer voar junto.
Questionado sobre a ideia de privatizar ou não a Ceitec, que teve investimentos bilionários desde sua criação e segue operando no vermelho, Pontes garante que já tem uma opinião sobre o tema, contudo, se reserva a dizer que precisa discuti-la com Bolsonaro:
– A gente não sentou para discutir isso. Acredito que sejam essas partes que ele queira falar comigo para ajustar pontos estratégicos. Já dei algumas linhas mestras e diretrizes do meu plano.
Conhecido pelo título de "astronauta brasileiro" – ele participou de uma missão espacial em 2006 –, Pontes é engenheiro, mestre em Engenharia de Sistemas e bacharel em Administração Pública.