A partir desta quarta-feira (22) milhões de brasileiros poderão usar o Waze não só para se guiar pelo trânsito infernal das grandes cidades, mas também para oferecer ou pedir uma carona. Isso porque a empresa anunciou, nesta terça-feira (21), o lançamento do serviço de caronas Waze Carpool no país inteiro.
Com ele, motoristas poderão receber uma ajuda de custo para a gasolina, enquanto passageiros terão a chance de fazer viagens mais rápidas e confortáveis – os preços podem variar entre R$ 4 e R$ 25, mas, promocionalmente, as caronas custarão R$ 2, em campanha subsidiada pelo aplicativo, que pertence ao Google desde 2013.
— Queremos tirar carros das ruas. Nosso maior competidor é a pessoa que dirige sozinha — disse o israelense Noam Bardim, presidente executivo do Waze, durante evento realizado em São Paulo na manhã desta terça-feira.
A cidade não foi escolhida à toa: hoje com 4,4 milhões de usuários ativos todos os meses, a capital paulista é a maior cidade do Waze no mundo. Em média, o paulistano usa o Waze por pelo menos 90 minutos por dia. O Brasil, por sua vez, é o segundo maior mercado do aplicativo de navegação, perdendo só para os Estados Unidos. Ao todo, o Waze tem 100 milhões de usuários no mundo.
Para o executivo, o serviço faz parte da missão do Waze, que é acabar com o trânsito:
— Se não mudarmos nosso comportamento, tecnologia nenhuma vai nos salvar.
O serviço já vinha sendo testado no país nos últimos dois meses, com parceria com empresas como Natura e Petrobras. Nessa fase, a empresa calcula ter oferecido 40 mil quilômetros em caronas – o suficiente para se dar uma volta na Terra. Além disso, o Waze também fez testes com o serviço em Israel, onde nasceu, e na Califórnia, onde fica a sede do Google.
A meta da empresa, porém, não é concorrer com serviços como Uber e 99.
— Não queremos profissionais, por isso limitamos o uso do serviço a duas viagens por dia para o motorista — explicou Bardim.
Além disso, a empresa recomenda que os "caroneiros" sentem no banco da frente, de forma a construir uma relação de comunidade.
— Não queremos colocar mais carros na rua, mas, sim, aproveitar algo que está lá e não é utilizado — afirmou, comparando seu serviço com o Airbnb, startup que aproveita quartos vazios em residências para transformá-las em serviços de hospedagem.
Como funciona
O motorista que quiser oferecer caronas pelo Waze precisará apenas se cadastrar para o serviço, no mesmo aplicativo que já usa todos os dias. Já o usuário que pretende pegar carona precisa baixar um novo aplicativo, o Waze Carpool, já disponível para iOS e Android.
Em ambos os casos, será preciso que o usuário se cadastre, fazendo um perfil com foto e programando sua rota diária, bem como horários de saída de casa e do trabalho – por enquanto, o foco da empresa está mesmo na ida e na volta para o emprego.
— No futuro, poderemos ajudar quem vai a um grande evento, como um show ou um jogo de futebol — especula Bardim.
Para aumentar a segurança, o usuário também pode vincular seu perfil à sua conta de redes sociais como Facebook e LinkedIn, ou inserir seu e-mail corporativo. Quem quiser também pode restringir as opções de companhia na carona: é possível viajar apenas com pessoas da mesma empresa ou do mesmo gênero. A parte de pagamentos também é simples: o passageiro cadastra seu cartão de crédito, enquanto o motorista insere uma conta bancária no aplicativo – tudo funciona com o Pagar com Google, sistema da gigante americana.
Por um período promocional, as viagens custam apenas R$ 2 para os passageiros – já os motoristas receberão o valor cheio da corrida.
— É algo que conseguimos fazer porque o Google tem bolsos fundos e acredita que isso pode melhorar nossa vida — conta o israelense.
Quando a promoção se encerrar, o motorista poderá escolher o valor da carona – a média é que viagens de até 5 quilômetros custem R$ 4; já trechos entre 5 e 40 quilômetros ficarão por R$ 10; acima disso, haverá aumento por quilômetro, até atingir-se R$ 25. Por enquanto , o Waze não vai faturar com o serviço – segundo Douglas Tokuno, diretor do Waze Carpool no país, a meta é ganhar escala e aprender com os usuários.
Cada viagem também poderá ser avaliada por passageiros e motoristas, tal como acontece no Uber, mas não há um critério definido para isso, diz o Waze.
— Pode ser mais sobre a conversa do motorista do que sobre a viagem em si, porque não é um serviço — diz André Loureiro, diretor-geral do Waze no Brasil.
Faixa de carona
O evento de lançamento do Waze também contou com a presença do secretário municipal de transportes de São Paulo, João Octaviano. Ele saudou a iniciativa da empresa e fez até um comentário jocoso sobre a situação do trânsito na cidade:
— Aqui, já é possível até marcar uma reunião no congestionamento, porque (é algo que) acontece todo dia.
Ele também fez menção a uma possível mudança nas regras de trânsito na cidade.
— Imagina se a gente colocar uma via exclusiva só para quem anda com carro compartilhado? —comentou, sem no entanto, dar detalhes sobre a iniciativa.
É uma prática comum em cidades americanas – Los Angeles, por exemplo, têm pistas em vias que só podem ser usadas por quem está com duas ou mais pessoas dentro do carro. Para Noah Bardim, presidente executivo do Waze, a medida poderia ser um incentivo para seu serviço:
— Na Califórnia, vimos motoristas que ofereciam caronas de graça só para usar a faixa de carro compartilhado. Não é algo difícil.
Questionado sobre porque resolveu lançar o serviço no país todo, Bardim se mostrou aberto às possibilidades:
— Não sabemos se vai dar certo em São Paulo ou no Rio, mas pode dar certo em Fortaleza. Precisamos resolver o problema e abrir o teste em todo lugar, para depois irmos refinando o aprendizado.