A SpaceX adiou nesta segunda-feira (16) o lançamento do Transiting Exoplanet, poderoso satélite da Nasa cuja missão é encontrar planetas, para verificar os sistemas de navegação de seu foguete Falcon 9, no qual o aparelho viajará. O foguete da companhia sediada na Califórnia terá uma nova janela de lançamento na quarta-feira (18).
O satélite de investigação Transiting Exoplanet, ou TESS, se encontra "em excelente estado e continua pronto para seu lançamento", informou a SpaceX no Twitter. "Os equipamentos de lançamento estão sendo retirados hoje para uma revisão adicional do sistema de navegação e análise de controle", prosseguiu.
O adiamento foi anunciado duas horas antes do lançamento, previsto de uma plataforma de lançamento da Nasa em Cabo Cañaveral, Flórida.
Com um custo total de 337 milhões de dólares, o artefato espacial – do tamanho de uma máquina de lavar – foi projetado para procurar sinais de atenuação periódica da luz nas estrelas mais próximas e mais brilhantes. Esses sinais, conhecidos como "trânsitos", podem significar que há planetas em órbita ao redor delas.
A expectativa é que o TESS revele cerca de 20 mil planetas além do nosso sistema solar, conhecidos como exoplanetas, indicou a Nasa.
Suas descobertas serão estudadas em profundidade por telescópios terrestres e espaciais em busca de sinais de habitabilidade, como terrenos rochosos, tamanho semelhante ao da Terra e uma distância do Sol que permita uma temperatura compatível com a água líquida.
A Nasa também prevê que o satélite pode encontrar mais de 50 planetas do tamanho da Terra e até 500 planetas com menos de duas vezes o tamanho da Terra. O TESS irá explorar muito mais espaço cósmico do que o seu antecessor, o Telescópio Espacial Kepler, que foi lançado em 2009 e que abrangeu 85% dos céus.
— O TESS está equipado com quatro câmeras muito sensíveis que poderão monitorar praticamente todo o céu — declarou George Ricker, chefe de pesquisa do TESS no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). — Isso é aproximadamente 20 vezes mais do que a missão Kepler era capaz de detectar.
Kepler versus TESS
Kepler, a primeira missão de caça a planetas deste tipo, "foi lançada para responder a uma única pergunta: é comum um planeta como a Terra em torno de uma estrela como o Sol?", explicou Patricia Boyd, diretora do programa de pesquisadores convidados do TESS no Goddard Spaceflight Center da Nasa.
— Ele foi projetado para observar 150 mil estrelas em um campo de visão razoavelmente amplo, sem piscar, por quatro anos — disse a repórteres na véspera do lançamento. — Uma das muitas coisas surpreendentes que Kepler nos informou é que os planetas estão em toda parte e existem todos os tipos de planetas.
— TESS é o próximo passo. Se houver planetas por toda parte, então é hora de encontrarmos os planetas que estão mais próximos de nós, orbitando estrelas próximas brilhantes, porque estes seriam a base do sistema — disse Boyd.
TESS e Kepler usam o mesmo sistema de detecção de trânsitos planetários, isto é, sombras projetadas quando passam em frente à sua estrela. Enquanto Kepler confirmou cerca de 2.300 exoplanetas e milhares de outros candidatos potenciais, muitos estavam distantes demais e pouco iluminados para continuar estudando.
Com o satélite Kepler quase sem combustível e atingindo o final de sua vida útil, TESS pretende assumir a tarefa na busca focando mais de perto os planetas a dezenas ou centenas de anos-luz de distância.
— TESS vai aumentar radicalmente o número de planetas que temos para estudar — disse Ricker. — O número vai duplicar em relação ao visto e detectado pelo Kepler.
Espera-se que os primeiros dados do TESS sejam divulgados em julho. A Nasa argumenta que os cidadãos astrônomos podem ajudar a estudar os planetas em busca de sinais de possível habitabilidade.