O Google anunciou nesta sexta-feira (23) que vai deixar de escanear o conteúdo das caixas de entrada dos usuários do Gmail para segmentação de anúncios, levando ao fim uma prática que alimentou preocupações sobre privacidade desde que o serviço de e-mail gratuito foi lançado.
Uma declaração do Google reportou que os usuários do Gmail ainda verão anúncios "personalizados" e mensagens de marketing, mas estes seriam baseados em outros dados, que podem incluir consultas de pesquisa ou hábitos de navegação.
A vice-presidente sênior da Google Cloud, Diane Greene, informou em um blog que o serviço gratuito do Gmail vai passar a seguir as mesmas práticas que o e-mail corporativo G Suite Gmail.
– O conteúdo do consumidor do Gmail não será usado ou escaneado para qualquer personalização de anúncios após essa alteração – disse Greene.
– Esta decisão coloca os anúncios do Gmail em linha com a forma como personalizamos anúncios para outros produtos do Google. Os anúncios apresentados são baseados nas configurações dos usuários. Os usuários podem alterar essas configurações a qualquer momento, incluindo a desativação da personalização de anúncios – acrescentou.
Ativistas da privacidade denunciam que o rastreamento de conteúdos de e-mail equivale a "espionagem" injustificada aos usuários. No início deste ano, o gigante da internet chegou a um acordo em uma ação coletiva sobre o tema, mas um juiz federal rejeitou o pacto como inadequado.
A juíza distrital americana Lucy Koh decidiu em março que o acordo era difícil de se entender e "não revela claramente o fato de que o Google intercepta, rastreia e analisa o conteúdo de e-mails enviados por usuários que não são do Gmail para usuários do Gmail com a finalidade de criar perfis de usuários dos usuários do Gmail para criar publicidade direcionada".
Danny Sullivan, editor fundador do blog online Search Engine Land, disse que a iniciativa é uma "grande mudança" para o Gmail, observando que o rastreamento dos conteúdos de e-mail "foi o maior golpe contra os serviços desde que começou".
"Por outro lado, saber que o Google tem melhores informações agora sobre como alvejá-los do que lendo seus e-mails tranquiliza os consumidores?", questionou Sullivan no Twitter.