A mulher suspeita de ter colocado arsênio na farinha usada para fazer o bolo que acabou matando três pessoas teria visitado a sogra no hospital horas antes de ser presa.
A informação sobre a visita foi passada pela familiar que está cuidando de Zeli Teresinha Silva dos Anjos, 61 anos, no hospital. Foi ela quem avisou os outros familiares.
Segundo a mulher, Deise levou água, suco e chocolate para sogra. A acompanhante diz que Zeli estranhou que os líquidos estavam com os lacres rompidos. Por isso, os produtos foram colocados fora. O chocolate foi mantido no quarto.
Horas depois, Deise foi presa em Arroio do Sal e levada para a Delegacia de Polícia de Torres.
Presente nos velórios
Outro comportamento de Deise chamou atenção da família: ela esteve presente nos velórios das vítimas que morreram em razão do envenenamento do bolo.
Neuza Denize Silva, 65, e a filha, Tatiana dos Anjos, 43, foram enterradas juntas. O outro velório que ela esteve presente foi o de Maida Berenice Flores da Silva, 58, em Canoas.
Autoridades policiais afirmaram que as provas contra Deise são robustas e que ela apresenta comportamento frio.
Celulares apreendidos
Segundo a polícia, pelo menos cinco celulares de membros da família foram apreendidos. Além do telefone de Deise, também foi recolhido o aparelho do marido dela e da mãe, Zeli.
Apenas Deise é suspeita do crime. A polícia, no entanto, não descarta a participação de outras pessoas.
— A gente tem uma fundada suspeita da participação da investigada no crime, mas se houve ou não a participação de outra pessoa, ainda não temos a informação. Ao mesmo tempo, não descartamos essa possibilidade — afirmou o delegado Marcos Vinícius Muniz Veloso, responsável por investigar o caso.
O delegado foi informado sobre o relato da cuidadora de Zeli pela reportagem e passou a investigar a visita. Em entrevista coletiva na segunda-feira (6), fontes policiais afirmaram que a nora e a sogra têm um desentendimento há cerca de 20 anos.
O familiar que conversou com a RBS TV disse que não havia um motivo específico para o desentendimento. Apenas disse que relação era desgastada pelo tempo.
Contraponto
Procurado pela reportagem da RBS TV, o advogado de Deise, Cassyus Pontes, diz que não tem essa informação. O Hospital de Torres foi procurado e manifestou ser necessário analisar as câmeras de segurança para confirmar a visita, algo a ser feito potencialmente por pedido policial.
Entenda o caso
Seis pessoas da mesma família passaram mal e precisaram procurar atendimento médico em 23 de dezembro após consumirem o bolo, que continha arsênio, conforme análise da perícia da Polícia Civil.
Três delas morreram: Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, Maida Berenice Flores da Silva, 59, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos, filha de Neuza.
Zeli, responsável por fazer o bolo, permanece hospitalizada. Ela deixou a UTI na manhã de segunda-feira, de acordo com o boletim médico.
Um menino de 10 anos, neto de Neuza e filho de Tatiana, também ficou hospitalizado vários dias, mas já está em casa.
Uma sexta vítima, um homem da família, foi liberado após atendimento médico.