Dois meses após as mortes das gêmeas Manuela e Antônia Pereira, de seis anos, em um intervalo de oito dias, a mãe das meninas, Gisele Beatriz Dias, 42 anos, pode ser colocada em liberdade nesta semana. A Polícia Civil suspeita que a mãe possa ter envenenado as meninas. Gisele nega que tenha feito algo contra as filhas.
Presa desde o dia 16 de outubro, um dia após a morte da segunda gêmea, Antônia, a mãe das meninas já teve a sua prisão temporária de 30 dias prorrogada uma vez a pedido da polícia. Ela está presa na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba.
Segundo o delegado Ivanir Caliari, responsável pela investigação, o prazo dessa prorrogação expira nesta quarta-feira (11).
Manuela morreu no dia 7 de outubro, e Antônia, no dia 15 do mesmo mês. Elas moravam com os pais no bairro Morada Verde, em Igrejinha, no Vale do Paranhana. A polícia passou a investigar o caso em razão da semelhança entre as duas mortes em um curto espaço de tempo.
A polícia trabalha com a hipótese de que a mãe tenha colocado alguma substância — medicamento ou veneno — em algum alimento que as meninas ingeriram. A suspeita surgiu a partir dos sintomas que ambas apresentaram quando foram atendidas, que indicavam aspiração de grande quantidade de secreção sanguinolenta, o que sugere sangramento interno, possivelmente provocado por substância tóxica exógena (vinda de fora do organismo).
À espera dos laudos
A Polícia Civil segue aguardando os resultados dos exames periciais para identificar o que causou, efetivamente, as mortes das gêmeas e se há a presença de alguma substância que possa ter provocado o quadro de parada cardiorrespiratória em que as duas foram encontradas.
No dia 12 de novembro foi efetuada a exumação do corpo de Manuela, a primeira gêmea encontrada morta. O procedimento foi realizado para que o Instituto-Geral de Perícias (IGP) pudesse coletar material genético para análise.
Defesa nega envolvimento da mãe
O advogado José Paulo Schneider, que representa Gisele Beatriz Dias, sublinha que ela nega qualquer tipo de envolvimento com as mortes das meninas. Além disso, ele afirma que ainda não teve acesso à investigação.
— Até o momento, a gente não teve sequer acesso à investigação por parte do delegado. Estamos aguardando a conclusão dessas investigações, porque já foi tempo suficiente para que elas fossem concluídas, afinal de contas, tem uma pessoa presa, e, até o momento, sequer tem a comprovação da hipótese de que elas foram assassinadas por meio de intoxicação — diz o advogado.
Ele também afirma que Gisele não fala das filhas com frieza, como foi apontado durante a investigação.
— Ela fala que tiraram as crianças dela, "perdi minhas crianças, tiraram as crianças de mim" e toda hora quando ela fala das meninas ela chora copiosamente — afirma Schneider.
Relembre o caso
Manuela morreu no dia 7 de outubro em decorrência de uma parada cardiorrespiratória. Oito dias depois, em 15 de novembro, Antônia morreu em circunstâncias parecidas. A semelhança entre as duas mortes em um curto espaço de tempo fez com que a polícia passasse a investigar o caso.
Na noite de 15 de outubro, a mãe das gêmeas foi presa por suspeita de duplo homicídio doloso.
— Há suspeita de que ela tenha praticado homicídio contra essas crianças — disse o delegado Cleber Lima à época.
Em depoimento à polícia, Gisele negou que tenha feito algo contra as filhas e afirmou que "sempre fez de tudo para cuidar e amar as filhas".
A Polícia Civil suspeita que a causa das mortes das gêmeas foi envenenamento. Os elementos que sustentam essa hipótese são a mistura de remédios na comida do marido da investigada e a morte misteriosa de três gatos das crianças.
O delegado Ivanir Caliari disse que uma das motivações para o crime seria o suposto ciúme da mãe em razão da boa relação do pai com as filhas.
O pai, Michel Persival Pereira, 43 anos, não é investigado no caso. Apenas foi ouvido como testemunha. Ele contratou o advogado Fábio Fischer para representá-lo e orientá-lo, enquanto aguarda a conclusão do inquérito policial. Somente o laudo pericial poderá confirmar a causa das mortes.