Quatro cidades do Rio Grande do Sul amanheceram nesta quinta-feira (12) sob ofensiva da Polícia Civil contra o tráfico de drogas e organização criminosa. O alvo é um grupo suspeito de integrar facção que seria liderada por Jackson Peixoto Rodrigues, 41 anos, conhecido como Nego Jackson, e por Dezimar de Moura Camargo, o Tita.
Nego Jackson e Tita foram mortos em novembro, sob a suspeita de execução por grupos rivais. A operação policial ocorre em Porto Alegre, Pantano Grande, no Vale do Rio Pardo, Charqueadas e Viamão, na Região Metropolitana. Até as 8h, nove pessoas já haviam sido presos.
São cumpridos 11 mandados de prisão preventiva, 10 de busca e apreensão e quatro de bloqueios de contas bancárias. Até o momento, os policiais já apreenderam aparelhos celulares, valores em espécie e armas de fogo encontradas nas residências do investigados. Cerca de R$ 200 mil foram bloqueados das contas do suspeitos.
— A operação visa responsabilizar os integrantes de uma organização criminosa que comanda o tráfico de drogas no bairro Passo das Pedras, em Porto Alegre, e que está disputando territórios com membros de facção contrária. Muitos homicídios e crimes graves foram provocados pelos alvos da ação de hoje (quinta-feira) e, por isso, a sociedade espera uma resposta rápida e firme contra esse criminosos. Estamos atentos aos movimentos dessa facção e trabalhando para dar essa resposta — explica o diretor da Divisão de Investigações do Narcotráfico (Denarc), delegado Alencar Carraro.
A ação, conduzida pela 2ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (2° DIN/Denarc), mobiliza aproximadamente 60 policiais civis.
Investigação
A operação é resultado de uma investigação que teve início em setembro do ano passado. A apuração procurou identificar locais que estavam sob o poder de facções ou que seriam usados para atividades criminosas no RS.
Cinco residências que serviam para depósito de armas, entorpecentes e dinheiro foram identificadas no bairro Passo das Pedras, na zona norte de Porto Alegre. Uma ação de busca e apreensão foi feita em uma das casas ainda em setembro de 2023, redundando no confisco e análise do aparelho celular de um suspeito, de 32 anos.
No celular desse homem, que é também um dos alvos de prisão preventiva desta quinta-feira, foram localizadas mensagens que detalhavam o funcionamento de uma facção que teria atuação na Capital, principalmente no bairro Passo das Pedras, e em cidades vizinhas.
Segundo a investigação, essa organização criminosa seria liderada por Nego Jackson e teria Tita como liderança menor. Ele seria subordinado a Jackson e comandaria o tráfico de drogas no bairro da zona norte.
A apuração também constatou que essa facção estaria em guerra com outros grupos criminosos, buscando manter o controle dos pontos de tráfico. Essa guerra de faccionados teria ocasionado, inclusive, homicídios.
De acordo com o delegado Carraro, a investigação segue agora com o objetivo de descobrir mais elementos que possam levar a prisão de outros participantes da organização criminosa e apurar a existência de outros delitos.
As lideranças
Apontados como lideranças dessa organização criminosa, Nego Jackson e Tita foram executados no final de novembro. A suspeita da polícia é de que as mortes tenham sido execuções por parte de gangues rivais.
Os dois líderes tinham ficha criminal extensa, com antecedentes por crimes como homicídios dolosos, associação criminosa, lesão corporal, roubo a estabelecimento bancário, roubo de veículos, porte ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas, entre outros.
Jackson Peixoto Rodrigues, 41 anos, chegou a ser considerado o foragido mais procurado do Rio Grande do Sul em 2017, até ser capturado no Paraguai, pela polícia da cidade de Pedro Juan Caballero, e posteriormente transferido de volta para Brasil. Ele esteve em presídios federais brasileiros até ser transferido para o Rio Grande do Sul em 2020.
Ele morreu após ser atingido por tiros em 23 de novembro, dentro da Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan 3). O bandido foi alvejado por pelo menos sete disparos. Os tiros teriam sido feitos por outro preso através da portinhola de uma cela.
Em carta escrita a mão um dia antes de ser morto, ele pediu transferência do local temendo "alguma falha na segurança" e destacando que estava sendo mantido numa galeria “há poucos metros de seus inimigos”.
Dezimar de Moura Camargo, o Tita, foi um dos 27 condenados gaúchos a serem transferidos para prisões federais durante Operação Pulso Firme em 2017. Tinha origem no bairro Passo das Pedras e, até o começo da década, fazia parte da quadrilha comandada pela família Bugmaer, com atuação na zona norte de Porto Alegre.
Ele foi executado com ao menos 10 disparos em 27 de novembro, quatro dias depois da morte de Jackson. O crime aconteceu dentro de uma oficina mecânica do bairro Niterói, em Canoas, na Região Metropolitana.
Tita havia ido ao local para arrumar um carro, segundo a Brigada Militar (BM). A apuração preliminar indica que ele teria sido executado por membros de facção rival, que o localizaram e o executaram na oficina, na Rua Itália.