Em meio às promoções para a compra de produtos novos, muitos agricultores gaúchos ainda preferem adquirir máquinas agrícolas usadas. No entanto, a demanda pelos equipamentos também tem provocado um aumento nos golpes envolvendo estes negócios.
Criminosos estão utilizando das redes sociais para criar anúncios falsos de tratores e outros insumos, atraindo vítimas com ofertas e promessas de preços abaixo do mercado.
Os golpistas se aproveitam do sotaque típico do interior e até lançam mão de idosos como parte do "teatro do crime". Tudo para dar mais credibilidade à farsa. Quando desmascarados, ainda tentam ameaçar as vítimas, criando falsas acusações de envolvimento em crimes, como o roubo do trator.
Um agricultor da Região Central acertou a compra de um trator por R$ 22 mil. Ele transferiu R$ 10 mil de entrada para firmar o negócio, mas a máquina nunca foi entregue. O restante seria pago ao receber o veículo.
— Ele dizia estar a caminho e eu, conhecendo a região, achava que o negócio era legítimo... Quando percebi, era tarde demais. É um dinheiro suado e sagrado que vamos guardando, nos balança um percebermos que é golpe — relatou a vítima.
O delegado Eibert Moreira Neto, diretor da Divisão de Investigação Criminal do Deic, alerta:
— Existe um preço habitual de mercado e quando o preço for inferior ao valor praticado por outros vendedores, é necessário ligar o sinal de alerta para a possibilidade de atividade fraudulenta.
O modus operandi é o mesmo: um anúncio convincente de um trator, muitas vezes com fotos e vídeos, seguido por histórias criadas para justificar a urgência da venda, como a necessidade de dinheiro para um custear despesas médicas. Os golpistas convencem as vítimas a realizar depósitos de sinal, mas os tratores nunca chegam.
Outro caso similar, no Vale do Rio Pardo, envolveu a venda de um trator por R$ 18 mil, com o golpista utilizando o mesmo tipo de abordagem e criando um cenário fictício para enganar a vítima.
O agricultor transferiu R$ 500 para deixar reservado, em seguida foi chantageado com outros pedidos de dinheiro. O golpista teria ainda enviado mensagens com dados pessoais da vitima, com nomes e endereços de familiares, alegando que iria denunciar o comprador como cúmplice de um roubo, visto que o bem teria sido objeto de um furto.
— Ele precisava vender o trator que estava com o pai dele doente e precisava passar por uma cirurgia, era um trator impecável e ele tinha que vender quanto antes, pois precisava do dinheiro e eu como precisava desse trator. Dava entender que era real — disse a segunda vitima
Um dos golpistas dizia ser morador de Panambi, na Região Noroeste, e contou uma história para envolver a vitima e justificar a venda do trator. O agricultor bloqueou o contato do golpista após ameaças persistirem.
— Para que a pessoa efetivamente feche o negócio, ela deve ter acesso ao produto. É necessário ter acesso ao equipamento, verificar de fato quem é o proprietário daquele bem. Existe uma documentação, a pessoa tem que checar, para que seja possível confirmar que, de fato, está negociando com o proprietário — destaca o delegado Moreira Neto recomendando cautela na hora de fechar negócios
— O valor é algo que é muito relevante também para fins de checar a veracidade do negócio, é importante ligar um sinal de alerta para que a pessoa não entre em um negócio fraudulento — completou.