A Polícia Federal desencadeou na quinta-feira (7) a terceira fase da Operação Apateón, que tem como objetivo reprimir crimes contra o sistema financeiro. O alvo principal dessa ação, um empresário paulista, estaria envolvido em 80 contratos fraudulentos, com prejuízo de mais de R$ 4 milhões a uma única instituição financeira.
A suspeita da PF é de que o número de vítimas seja muito maior, já que os golpistas tiveram acesso a mais de 200 mil fichas de clientes de bancos.
A investigação é coordenada pela superintendência regional da PF no Rio Grande do Sul e as ordens judiciais foram expedidas pela 22ª Vara Federal de Porto Alegre.
São dois mandados de prisão temporária e três de busca e apreensão. As ordens judiciais foram cumpridas nos municípios de Mato Leitão e Vera Cruz, além de Registro, em São Paulo.
O delegado responsável pelos casos, Wilson Klippel Cicognani Filho, da Delegacia de Combate à Corrupção e a Crimes Contra o Sistema Financeiro, Delecor, diz que a investigação teve início em agosto de 2023, a partir de queixa de um banco de que um grupo criminoso estaria obtendo financiamentos mediante fraude.
O esquema funcionava assim:
- Os criminosos simulavam a compra e venda de algum bem
- Eles usavam dados cadastrais de terceiros
- Obtinham, de forma fraudulenta, a liberação de valores perante o banco lesado
— Os golpistas não dispunham dos bens, na prática. Eles simplesmente usavam dados cadastrais de pessoas, para obter financiamentos. Uma hipótese é que tenham pesquisado em grupos na deep web (páginas da web que os mecanismos de pesquisa não conseguem identificar). Usaram selfies e documentos de veículos das vítimas para providenciar garantia, falsa, em financiamentos bancários — resume o delegado.
Klippel ressalta que os dados estavam à venda em grupos da internet. Não se sabe quantos dos 200 mil que tiveram dados vazados foram vítimas de fraude.
Fases anteriores
Ao todo, já foram presos seis suspeitos de envolvimento no esquema. Na primeira fase da operação, em 2023, foi preso um lojista que usou uma empresa vinculada ao seu nome para obter, pelo menos, 11 contratos de financiamentos fraudulentos.
A segunda fase da operação, em 2024, mirou dois irmãos que seriam os destinatários finais de parte dos valores obtidos mediante fraude.
Já nesta terceira fase da operação, o foco é um investigado de atuação no cenário nacional de fraude na obtenção de financiamento contra instituições financeiras. Morador de Registro (SP), ele estaria envolvido em 80 contratos fraudulentos de obtenção de financiamento de veículos. Tais contratos, firmados apenas com uma única instituição financeira, perfazem um montante de R$ 4,7 milhões.
O nome da operação tem origem na palavra grega Apateón, que significa trapaceiro, enganador.