Era em um condomínio de classe média, no Morro Santana, na zona leste da Capital, que o homem apontado como uma das lideranças de uma facção com atuação na Região Metropolitana se escondia. Pedro Alexandre Lima Machado, 33 anos, conhecido como Pedrinho Pitbull, estava foragido desde dezembro, quando fugiu do Instituto Penal de Charqueadas. Ele teve o paradeiro descoberto pela Delegacia de Capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e foi recapturado na última quinta-feira (26).
Suspeito de participar de pelo menos oito assassinatos, o homem foi encontrado após a polícia seguir pistas sobre um veículo que teria sido usado por ele. Com a localização do carro, foi possível chegar ao esconderijo do suspeito. Um acampamento foi montado no local pelos policiais para o monitoramento do criminoso. Ações de vigilância foram feitas durante toda a madrugada, até que Pedrinho Pitbull foi avistado, entrando no veículo.
— No momento em que ele iria sair do condomínio, foi realizada a abordagem e o indivíduo não conseguiu esboçar reação — detalhou o titular da Delegacia de Capturas, delegado Gabriel Casanova.
Com o homem, foram apreendidos uma arma de fogo de uso restrito, munições, quatro carregadores e um colete balístico. Um documento de identidade falso também foi descoberto e teria sido usado pelo bandido para despistar a polícia durante os meses em que esteve foragido.
Além da recaptura, a polícia autuou Pedro Machado em flagrante por posse de arma de fogo e, por esse motivo, solicitou ao Judiciário uma nova prisão, o que foi acatado. Ele foi encaminhado novamente ao sistema penitenciário para cumprir o restante da sentença que estava designado a seguir quando fugiu.
A investigação sobre a localização do suspeito faz parte da operação Rédeas Curtas, do Deic. A ação já recapturou outros 27 criminosos apontados como líderes de facção.
Esperando uma brecha
Pedrinho Pitbull foi condenado a 26 anos e três meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma, receptação e tráfico de drogas. De acordo com a defesa, ele já havia cumprido 11 anos e cinco meses da pena quando fugiu. Ele estava no regime semiaberto e tinha uma saída programada para o final de dezembro. Em 5 de dezembro, no entanto, ele conseguiu escapar da unidade penal.
As circunstâncias da fuga, assim como os passos do criminoso fora do sistema penitenciário ainda são apuradas pela polícia. Algumas pistas apontam que Pedrinho Pitbull tenha circulado pelo Litoral Norte depois de fugir, enquanto outras sugerem que, aos finais de semana, ele visitava Alvorada. A polícia chegou a procurar o apenado na cidade da Região Metropolitana. A partir do indício sobre o automóvel, foi constatado que Pedrinho Pitbull estava há algumas semanas abrigado em um condomínio na Capital. A participação de terceiros na fuga também é apurada pela investigação.
Histórico
Pedrinho Pitbull é apontado pela investigação como integrante de uma organização criminosa originária na Vila Bom Jesus, na Zona Leste, que teria ramificações em cidades da Região Metropolitana. Em Alvorada, o homem atuaria como gerente do tráfico para essa facção, sendo hierarquicamente o segundo líder da organização criminosa naquela cidade.
Com passagens pela polícia desde a adolescência, Pedrinho Pitbull possui antecedentes por tráfico de drogas, roubo, receptação e porte ilegal de arma de fogo.
Inicialmente, Pedrinho Pitbull teria atuado em uma organização criminosa do bairro Restinga. Após 2014, teria migrado para a facção da Vila Bom Jesus e passou a participar dela em Alvorada.
Contraponto
O advogado José Gabriel Silveira Lagranha, que representa Pedrinho Pitbull, enviou uma nota pública para a reportagem de Zero Hora sobre o caso.
"O fato da suposta fuga será apurado nos autos do processo de execução criminal, onde será oportunizado ao apenado apresentar sua versão sobre o ocorrido", dizia o texto.