A poucos metros do local em que a esposa, Priscila Diniz, 34 anos, foi baleada, Jonas Diniz da Silva, 41, atendia clientes na manhã desta segunda-feira (14). Com os olhos marejados e voz baixa, ele recebia a freguesia no restaurante da família, em Novo Hamburgo, agradecia os votos de recuperação e comentava brevemente sobre o crime. Priscila foi alvo de tiros na manhã de sábado (12) e passou o fim de semana hospitalizada. Por volta das 14h desta segunda, faleceu. Ela deixa, além do marido, pais e enteados.
Assim como o marido, Priscila cresceu no bairro Canudos, onde o crime aconteceu. Ela e Jonas formavam um casal há cerca de oito anos e também trabalhavam juntos no restaurante familiar.
— Para ela, não tinha tempo ruim. Uma mulher batalhadora, trabalhadora, organizada em tudo. Tinha sonhos. Ela sonhava em ser mãe — diz o marido, emocionado, ao lembrar da companheira.
Ele conta que a comerciante cuidava dos enteados, fruto de relacionamentos anteriores dele, e era ativa nos compromissos familiares.
Para parentes e vizinhos, o motivo do crime ainda é desconhecido. Todos comentam que Priscila não tinha inimizades ou ligações com o crime.
— Ela era muito simpática, muito querida, trabalhadora. Todos aqui ficaram em choque — comenta uma vizinha do restaurante, que preferiu falar anonimamente.
Daiane Viegas, 44, mantinha amizade com Priscila há cerca de oito anos. Dona de um estúdio de beleza, foi ela quem fez a maquiagem da amiga, no casamento com Jonas.
— Era uma guria querida demais, amava os enteados como se fossem seus filhos de sangue. É o que eu mais admiro nela — recorda.
Familiares e amigos fariam uma roda de oração na noite desta segunda-feira, em frente ao hospital no qual Priscila estava internada, como forma de desejar a recuperação da comerciante.
O caso
Priscila foi alvo de tiros por volta das 6h30min de sábado (12). Ela foi surpreendida por dois homens quando chegava, em uma Honda Biz, para abrir o restaurante. Eles apareceram em uma moto. Um deles desceu do veículo e se dirigiu até a mulher, a imobilizando e disparando contra ela. A arma falhou várias vezes, mas a vítima acabou atingida por um tiro na nuca.
Os criminosos fugiram, levando a Biz, e Priscila ficou caída no chão por alguns minutos até receber socorro. O marido a encontrou ainda deitada na entrada do comércio. Ela foi encaminhada ao Hospital Municipal de Novo Hamburgo, onde ficou internada durante todo o final de semana.
No sábado, a Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH) divulgou um boletim indicando que a paciente estava na UTI, em condição clínica "muito grave". O estado de saúde piorou no domingo, ficando crítico.
A morte de Priscila foi confirmada por volta das 14h10min desta segunda-feira (14). O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal. O velório estava marcado para iniciar às 10h desta terça-feira (15), no crematório e cemitério Parque Jardim da Memória. O sepultamento acontecerá no mesmo local, às 17h.
Investigação
O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Novo Hamburgo. No momento, a polícia ainda não descarta nenhuma possibilidade. As principais hipóteses envolvem homicídio e latrocínio, mas apenas o final do inquérito poderá apontar o que aconteceu. Se a conclusão foi de que houve homicídio, a investigação também deverá indicar a motivação para o crime.
Testemunhas foram ouvidas e imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas. A moto da comerciante, que foi abandonada no bairro Hamburgo Velho, está sendo analisada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).