Vítimas e testemunhas do suposto esquema de estelionato envolvendo o influencer digital Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, devem ser ouvidas pela Justiça nesta quinta (17) e sexta-feira (18). Nestes dias, a 2ª Vara Criminal da Comarca de Canoas também espera realizar o interrogatório do humorista. As audiências se referem ao processo em que Nego Di é réu pelo crime de estelionato envolvendo a loja virtual Tá Di Zuera.
Nego Di teria lesado pelo menos 370 pessoas com a divulgação da venda de produtos por meio desta loja, que era sócio. Conforme investigação da Polícia Civil, que teve início em 2022, os itens nunca foram entregues aos compradores, a loja não tinha estoque, e Nego Di teria enganado os clientes prometendo que as entregas seriam feitas. O humorista teria movimentado dinheiro que entrava nas contas bancárias da empresa.
A loja virtual operou entre 18 de março e 26 de julho de 2022, quando a Justiça determinou que ela fosse retirada do ar.
Então sócio de Nego Di na Tá Di Zuera, Anderson Boneti foi preso em Bombinhas, em Santa Catarina, no dia 22 de julho. Ele estava escondido em um hotel na cidade do litoral catarinense. Segundo a Polícia Civil, ele estava sozinho e usava carro alugado para não chamar atenção. Ele também é réu no processo e deve ser ouvido pela Justiça.
Ao longo do processo, Nego Di já teve três pedidos de liberdade negados. Dessa forma, ele segue preso na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan).
Próximos passos
Conforme a juíza Patrícia Pereira Krebs Tonet, titular da 2ª Vara Criminal de Canoas, após a etapa de depoimento de vítimas, testemunhas e acusados, as partes do processo podem requerer outras provas ou manifestar o interesse pelo encerramento da instrução. Caso optem pela última opção, as partes serão intimidas a apresentarem as alegações escritas. Depois, será o momento da sentença.
Ainda não há previsão de ressarcimento das vítimas do estelionato. Isso deve ser definido ao longo do processo, seja por proposta feita pelas defesas ou pela própria sentença.
Segundo a juíza, ainda não há decisão concreta nesse sentido, uma vez que será preciso verificar a viabilidade de implementação, incluindo cálculos e a disponibilidade de recursos para o ressarcimento
Outro processo
Além desse caso, Nego Di também é alvo de outro processo envolvendo estelionato. O influenciador e a companheira, Gabriela Souza, foram denunciados pelo Ministério Público no mês de setembro em caso que investiga a promoção de rifas virtuais pelas redes sociais.
Nego Di foi acusado de estelionato, lavagem de dinheiro e uso de documento falso, além da contravenção penal de promoção de loteria na modalidade de rifas digitais. Gabriela Souza é apontada pelo crime de lavagem de dinheiro. O casal foi alvo de operação pelo mesmo fato em julho deste ano. Os dois teriam movimentado mais de R$ 2,5 milhões de forma ilícita.
O casal teria promovido rifas sem autorização entre novembro de 2022 e maio de 2024, em que prometiam premiação em bens e dinheiro a partir de supostos sorteios. Um dos casos identificados foi o sorteio de uma Porsche Macan e R$ 150 mil em dinheiro. No entanto, antes do sorteio, o casal transferiu o veículo para terceiros, adquiriu o próprio número que seria sorteado e publicou um vídeo anunciando um vencedor fictício para a rifa, o que configurou o estelionato.
A investigação ainda apontou que um nome falso foi inventado para aparecer como vencedor da rifa.
Quem é Nego Di
Dilson Alves da Silva Neto, 30 anos, mais conhecido como Nego Di, nasceu em Porto Alegre. Ele ficou conhecido nacionalmente após participar do Big Brother Brasil em 2021.
O gaúcho foi o terceiro eliminado do programa, com 98,76%, alcançando o segundo maior índice de rejeição da história do programa. Na internet, já era conhecido pela sua atuação como influenciador digital e comediante.
O personagem Nego Di ganhou vida em 2016. Antes de ser influencer, ele trabalhou como cozinheiro, garçom, taxista, teve sua própria barbearia, e serviu ao Exército. Em suas redes sociais, já se envolveu em diversas polêmicas. Após o BBB, o humorista passou a promover rifas em redes sociais.
Contraponto
A advogada Tatiana Borsa, que representa o influenciador, foi contatada para se posicionar sobre a reportagem, mas ela optou por não se manifestar.
Zera Hora também buscou a defesa de Anderson Boneti, mas não localizou até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para manifestação.