A Polícia Civil indiciou por lesão corporal o vigilante de uma unidade do Supermercado Hoffmann, no bairro Vila Nova, em Porto Alegre. No dia 22 de agosto, o segurança agrediu o artesão Vanderlei Oliveira Soares, 59 anos, após o cliente fazer compras.
O inquérito foi concluído nesta quinta-feira (19). O nome do indiciado não foi divulgado pela corporação. Mas a reportagem apurou que trata-se de William Rodrigues Furtado.
Em contato com a reportagem, Furtado afirmou que já se manifestou na Polícia Civil. A equipe também entrou em contato com o Supermercado Hoffmann, que disse estar colaborando com as investigações.
Câmeras registraram as agressões. O segurança teria desconfiado de um furto, mas o cliente já havia pagado por suas compras.
— Fizemos análise criteriosa das imagens. Ficou demonstrado de forma cabal que a vítima foi agredida de forma violenta, injusta e desproporcional por agente de segurança privada vinculado ao Supermercado Hoffmann — afirma a delegada à frente do caso, Vivian do Nascimento.
A família de Vanderlei alegou motivação racial por trás do caso. A delegada salientou que a questão não surgiu nos depoimentos e, por isso, não houve responsabilização neste sentido.
Relembre o caso
Segundo a irmã do artesão, a enfermeira Elaine Oliveira Soares, 54 anos, Vanderlei saiu de casa para comprar pão e frutas no mercado. Por volta das 15h, chegou ao estabelecimento em que costumava ir, fez as compras e saiu. No lado de fora, quando seguia pela Rua João Salomoni, Vanderlei foi seguido e abordado por um segurança sob suspeita de ter furtado produtos.
Ela disse que Vanderlei chegou a pensar que estava sendo assaltado. Por não ter apresentado nota fiscal ao segurança, ele foi agredido com chutes e socos na cabeça e nas pernas.
Elaine afirma que o artesão foi imobilizado e levado de volta ao mercado. No local, ele foi reconhecido como cliente pelos funcionários, que teriam comprovado o pagamento das mercadorias.
— Não foram só as marcas físicas. São marcas de uma agressão que nunca vão desaparecer. Ele é um homem negro, recluso, que há muito tempo tem depressão. Ir naquele supermercado era socialização. Conhecia as meninas do caixa, as pessoas pelo trajeto. Isso fazia bem a ele. Cortaram esse vínculo. Agora ele está assustado, e nossa família toda está sofrendo — desabafou Elaine à época.
A pedido do próprio artesão, a Brigada Militar (BM) foi acionada e compareceu ao local. Em seguida, o cliente passou pelo exame de corpo de delito no Palácio da Polícia.