A polícia investiga um caso de agressão a um cliente de um supermercado em Porto Alegre. O episódio foi registrado na tarde de quinta-feira (22) e envolve um segurança do supermercado Hoffmann, no bairro Vila Nova. O artesão Vanderlei Oliveira Soares, 59 anos, foi abordado por um vigilante do lado de fora do estabelecimento, após fazer compras, por volta das 15h.
Segundo o relato de familiares da vítima, o segurança seguiu o cliente pela Avenida João Salomoni por cerca de 200 metros, por suspeitar de que ele teria furtado um produto. Soares afirma ter sido surpreendido pela abordagem e ter achado, inicialmente, que estava sendo assaltado. Ele relata que o vigia teria tentado puxar a sacola com as compras da mão dele.
O segurança exigiu que Soares apresentasse o cupom fiscal dos produtos, que o artesão não possuía pois, segundo ele, não tem o hábito de pegar o comprovante ao final das compras.
Durante a abordagem em via pública, Soares afirma ter sido imobilizado pelo pescoço e levado uma rasteira do segurança, de 26 anos, seguida de chutes e socos. Vanderlei tentou se defender usando um guarda-chuva.
Após as agressões, os dois retornaram ao supermercado, onde funcionários reconheceram o artesão como um cliente assíduo e confirmaram que ele tinha pagado pelos produtos que levava. Imagens de câmeras de segurança atestaram os relatos.
Vanderlei exigiu, então, que a Brigada Militar fosse acionada. Uma guarnição esteve no local. O cliente passou por exame de corpo de delito no Palácio da Policia. O caso está sob investigação da 13ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre. Para familiares, a agressão tem motivação racial.
— Ele é um homem negro. A sociedade já tem isso presumido, que todo homem negro é um bandido. Ele estava sozinho, não tem uma vestimenta de empresário, é uma pessoa simples que anda de forma simples — avalia Elaine Oliveira Soares, irmã de Vanderlei.
Marco Faria Filho, gerente do supermercado Hoffmann, afirmou que a empresa "não compactua" com esse tipo de situação:
— A empresa fica muito triste pela situação porque ele é um cliente nosso, não tinha por que ser conduzido dessa forma. A empresa tem 41 anos e não compactua com essa situação. Se a família entender que precisa de algum suporte, a gente vai ajudar sem problema.
A reportagem de Zero Hora esteve no supermercado Hoffmann na tarde desta sexta-feira (23). Além do gerente da unidade, um representante da empresa terceirizada D'goes Prestação de Serviços também foi ouvido. Segundo ele, o vigilante envolvido na agressão estava no supermercado pela primeira vez, cobrindo a folga do segurança que normalmente trabalha no local. O vigia estava sob contrato de experiência e foi desligado após o episódio.