Laudos periciais analisados pela 1ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), de Porto Alegre, indicam que Jones Lopes dos Santos Silva, 33 anos, encontrado morto na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em 13 de junho, pode ter sofrido uma queda, acidental ou proposital.
Conforme a polícia, as gravações certificam que o garçom, residente em área vizinha à instituição de ensino, não esteve em contato com outras pessoas no período que antecedeu queda de uma altura próxima de oito metros. Familiares, entretanto, não concordam com o rumo das apurações.
O conjunto dos registros de videomonitoramento da PUCRS é considerado peça-chave na investigação. A família de Jones, porém, levanta dúvidas sobre as imagens.
— Existe uma interrupção na contagem de tempo dos vídeos. Porém, a perícia atesta que a gravação é ininterrupta e foi apresentada em sua integralidade para a Polícia Civil. O que vemos como um aparente corte é o intervalo de alguns segundos, que correspondem ao ciclo para reinicialização da gravação no servidor que armazena as imagens — aponta o titular da 1ª DPHPP, delegado Gabriel Borges.
Na noite após a descoberta do fato, amigos e familiares do garçom realizaram protesto, bloqueando trecho da Avenida Ipiranga, com pneus queimados e faixas que pediam um posicionamento das autoridades.
Conforme o delegado, a causa da morte, apontada na declaração de óbito como "traumatismo cranioencefálico (por) ação de instrumento contundente", está confirmada pela necropsia. Borges acredita que os ferimentos decorrem do impacto no solo, após a queda. O corpo tinha hematomas e escoriações, principalmente nas mãos e na cabeça.
— A Polícia Civil é sensível ao sentimento dos familiares e realizou toda apuração possível. Não há até este momento nenhum elemento nesta investigação que indique que Jones tenha sofrido violência praticada por outra pessoa — descreve o delegado.
Gabriel Borges afirma que o inquérito está em fase de acabamento e seu relatório deverá ser remetido, nos próximos dias, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, tendo como apontamento a conclusão de morte violenta causada por acidente ou suicídio.
Família sustentará hipótese de homicídio
Embora a Polícia Civil esteja convencida de que não houve ação de outras pessoas na morte de Jones, a família pretende sustentar a tese de que o óbito decorre de um homicídio.
Segundo o advogado Régis Kovalski, que representa familiares no acompanhamento do inquérito, imagens teriam registrado presença de mais pessoas no local onde ocorreu a morte e os ferimentos no corpo do garçom não seriam condizentes com o resultado de uma queda.
— Solicitamos acesso aos elementos do inquérito. Estamos aguardando pelo contato da delegacia para que possamos apresentar novos elementos para a investigação. Há indicativo da presença de duas pessoas no local dos fatos naquela madrugada e a perícia não é robusta. Pelo contrário, é inconclusiva — argumenta o advogado.
Consultada, a PUCRS reiterou sua colaboração com as apurações e informou não haver novidade, por parte da instituição de ensino, para acrescentar aos fatos.